quarta-feira, 1 de setembro de 2010

História da UEG - primeiros cursos, Quirinópolis

Click sobre a foto para visualização

     Relato histórico

     No início do ano de 1985, a Secretaria Estadual da Educação  realizou um concurso público para preenchimento de vagas para o magistério em todo Estado. Como ocorreu  no município de Quirinópolis houveram poucas aprovações, sobretudo nos municípios do extremo Sudoeste Goiano. Por exiguidade de tempo para um novo concurso, as vagas existentes tiveram que ser preenchidas por pessoal considerado inabilitado. 

     Como deputado estadual e professor licenciado da UFG, tomei a inicitiva de discutir com o governador os resultados do referido concurso, pedindo a instalação de uma unidade de ensino superior em Quirinópolis, voltada para a formação de professores, como único meio de se romper o círculo vicioso em que a região se encontrava, onde o déficit de professores qualificados determinava o baixo nível de ensino ministrado nas escolas, que repercutia em baixa competitividade dos jovens em vestibulares, concursos públicos e em processos de seleção para preenchimento de vagas de trabalho, perpetuando uma situação que impedia o desenvolvimento regional.

      Enquanto não se definia uma resposta por parte do governo, tomei a iniciativa de procurar outros caminhos, ao consultar o professor Mário de Freitas Carvalho, da UFG, considerado especialista neste assunto e um dos idealizadores da FESURV – Fundação de Ensino Superior de Rio Verde, que na época se estruturava. Sua orientação foi no sentido de implantar uma fundação ou uma extensão, como se implantava na cidade de Rio Verde (ver doc. abaixo).

     Neste interrgno, na condição de Primeiro Secretário da Assembléia Legislativa tive conhecimento com antecedência de uma mensagem em que o executivo goiano  propunha a criação de cursos superiores em algumas cidades goianas. Imediatamente fui ao encontro do governador para protestar contra a não inclusão de Quirinópolis. Solicitei que uma nova mensagem fosse preparada e enviada ao poder legislativo. Reconhecendo a legitimidade de meu pedido, o governador ordenou ao Dr. Charif Oscar Abrão, Chefe  do  Gabinete Civil a época, a  alteração. Na ocasião subscrevi o ofício de ordem 159/85, no qual em 12/06/1985, o governador autorizou a instalação de uma unidade de ensino superior em Quirinópolis.
 
      É preciso ressaltar, por justiça, os esforços em favor desta iniciativa do saudoso professor França, que mais tarde se tornou superintendente do ensino de superior dos quadros da Secretaria de Educação, no governo de Henrique Santillo. Da mesma forma deve ser ressaltada a contribuição do prefeito Sodino Vieira que, enquanto a faculdade era criada no âmbito estadual, decidiu construir um prédio, para sediar temporariamente a unidade de ensino superior e seus quatro cursos iniciais. 

          Portanto, como já disse, foi o governador Íris Rezende responsável pelo pedido ao legislativo para se criar a unidade de ensino superior denominada Faculdede de Educação, Ciências e Letras de Quirinópolis - FECLQ, e com a sanção da sua lei de criação. Com a ajuda do governador Onofre Quinan foi nomeado o primeiro diretor, o professor Newton Soares, e se adquiriu os móveis para o funcionamento da entidade. Todavia, foi com o governador Henrique Santillo que a mesma se tornou realidade, ao encaminhar o processo de criação ao MEC – Ministério da Educação e Cultura e, mesmo a revelia deste, determinar a realização de seu primeiro vestibular. Alguns anos depois, coube ao governador Marconi Perillo a transformação da FECLQ em unidade da UEG – Universidade Estadual de Goiás. 

         Deve-se,  também por justiça, historiar a origem do Centro Cultural de Quirinópolis, onde se instalou provisoriamente a FECLQ,  que surgiu da participação do ex-deputado Tarzan de Castro, meu colega de bancada, que esteve exilado na França, de onde trouxe a ideia de se construir centros culturais em cidades de médio porte com economias agrícolas vigorosas, que lá conheceu e como era o caso de Quirinópolis e outras cidade goianas.   Como deputado de Quirinópolis, trouxe a sugestão ao prefeito Sodino Vieira, inclusive com a ideia de construção da sede da faculdade, ao seu lado, pois a cidade precisaria de um prédio para sediar a FECLQ, que acabava de conquistar, em nome das lideranças locais. No momento em que isso era discutido, adentrou a sala do prefeito a doutora Cristina,  uma engenheira da empresa EICA, que construia as casas do Conjunto Rio Preto. Ela, ao nos ouvir, sentiu-se emocionada, porque tinha um projeto elaborado para Salvador-BA, que imaginava nunca concretizá-lo. Desta nossa conversa surgiu o complexo faculdade-centro cultural, com anfiteatro, teatro de arena e todas as demais dependências,  em Quirinópolis, que por vários anos serviu de sede provisória para a hoje  UEG de Quirinópolis.
 

      O compromisso assumido por Santillo, com Quirinópolis, pela faculdade, foi publicamente resgatado, quando aqui veio especialmente para autorizar o primeiro vestibular e o inicio das atividades da FECLQ.

        Nesta ocasião anunciou aos companheiros de Quirinópolis que havia me convidado para assumir a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, concedendo-me esta elevada honra, em cargo de confiança. Em decorrência deste fato, pela primeira vez, um quirinopolino ocupou um cargo de primeiro escalão em governo estadual. No momento, o governador ressaltou os meus esforços também para a instalação de outra unidade de educação superior - a Faculdade de Educação Ciências e Letras de Itapuranga - FECLITA, criada nos mesmos moldes.  Devo manifestar minha satisfação por ter sido o único deputado estadual a viabilizar a implantação de duas faculdades públicas, em Goiás.

     É justo lembrar os esforços dos que tomaram para si o desafio de consolidar a FECLQ, ao garantir na luta do dia-a-dia sua sobrevivência e o seu fortalecimento. Penso que ao citar os nomes dos professores Gilberto Celestino e Luis  Arantes, que vieram a integrar os quadros da FECLQ por nosso intermédio para dar aulas e ajudar na estruturação da entidade, o que fizeram com grande sabedoria e competência, e dos diretores Newton Soares e Sueli Pena, estou a homenagear a todos que contribuíram para a sustentação e consolidação da FECLQ.

        Na verdade, toda a cidade se rendeu a esta iniciativa e contribuiu para o seu sucesso. A UEG é hoje depositária da esperança da comunidade quirinopolina, que sabiamente escolheu os caminhos da educação e do saber para alcançar a superação definitiva de seus grandes problemas e desafios.




      Ângelo Rosa Ribeiro foi professor da EV-UFG. É ex-deputado, ex-secretário estadual de Agricultura e ex-secretário estadual de Planejamento e Coordenação.

       (Texto de igual teor foi encaminhado para publicação nos anais do II Congresso de Educação da UEG, de Quirinópolis, em comemoração aos 15 anos da instituição)