terça-feira, 27 de março de 2012

Simpósio sobre avanços da pecuária de leite em Goiás, 1998


DISCURSO PROFERIDO PELO MÉDICO VETERINÁRIO ÂNGELO ROSA RIBEIRO, SECRETÁRIO DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO DE GOIÁS, NO SIMPÓSIO SOBRE AVANÇOS DA PECUÁRIA DE LEITE EM GOIÁS, REALIZADO PELA FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA DO ESTADO DE GOIÁS, FAEG, EM 1998.

Excelentíssimo senhor João Bosco Umbelino, DD. Presidente da FAEG;
Excelentíssimo senhor Francisco Turra, DD. Ministro da Agricultura e Abastecimento;
Ilustríssimo senhor Iris Resende Machado, DD. Ex-Governador de Goiás e ex-Ministro da Agricultura;
Ilustres autoridades da mesa e  autoridades convidadas para esta solenidade;
Senhoras e Senhores.


Inicialmente, meus cumprimentos aos  organizadores deste simpósio que premia, com a presença de um ministro de estado, aos produtores goianos, pelo extraordinário desempenho produtivo que fortalece a  pecuária leiteira  regional e  evidencia a  valorosa contribuição deste setor  ao desenvolvimento do Estado de Goiás.

Senhor Ministro,  sua  presença  neste  evento, portanto,    reveste-se  de um caráter emblemático, ao simbolizar uma homenagem aos produtores goianos, pelos seus notáveis feitos.
Em 1980, a produção de leite do estado era de um bilhão de litros por ano. Em 1997, em menos de dez anos, ultrapassa aos dois bilhões de litros por ano. Em tempo de crise em todo o país, os produtores de leite conseguiram dobrar sua produção, neste Estado.

Com a atual produção de leite o Estado de Goiás movimenta seus 60 estabelecimentos industriais e ainda sobram cerca de 90% do produto e de seus derivados, para exportação. Para se ter uma ideia do significado da atividade para a economia goiana devemos lembrar que ela é responsável pela geração de mais de 200.000 empregos. Pode se afirmar que a produção de leite propicia: renda mensal para milhares e milhares de pequenos produtores rurais, de onde vem parte significativa do que se é produzido, e fixação da família campesina, evitando o êxodo rural e o agravamento social dos grandes centros urbanos.

E de quem são os méritos desta grande façanha? Acreditamos que são da determinação dos goianos, para produzir e desenvolver este estado e este país.

Senhoras e senhores, nos últimos 15 anos grandes transformações ocorreram em Goiás. A montagem de uma arrojada infraestrutura diversas para o setor apoiou o desenvolvimento da economia estadual, com expressivos investimentos, sobretudo, em rodovias asfaltadas e eletrificação rural. O programa Fomentar trouxe grandes indústrias para o estado, que deram competitividade ao setor leiteiro e propiciou sua modernização. Com o FCO intensificou-se a produção e a produtividade do setor de produção de lácteos, com projetos que levaram a introdução de novas tecnologias, aquisição de matrizes e reprodutores importados, melhoria das pastagens, alimentação balanceada, inseminação artificial, ordenha mecânica, resfriamento em nível de propriedades rurais, entre outros benefícios. Só em 1997 foram importadas 50.000 vacas leiteiras!

Ao lado do apoio governamental ocorreu o mais importante: a eficaz parceria das instituições oficiais com as entidades que representam a cadeia produtiva em Goiás. A FAEG, OCG, SGPA, FIEG, FETAEG e outras relacionadas ao setor produtivos foram os grandes patrocinadores desta conquista de Goiás. Fazendo o trabalho de informação, conscientização e qualificação e sempre colocando a causa do desenvolvimento do Estado de Goiás em primeiro plano. Foi contando com a credibilidade e a força destas entidades, dirigidas por líderes esclarecidos e conscientes, que foi possível unir governo, classe política e produtores para defender o interesse da produção, que em suma, representa o interesse de Goiás.
Senhoras e senhores, há muito que se fazer e será feito. Devemos produzir para atender a expansão da demanda, que veio com a estabilização da moeda e com os programas sociais recentemente criados pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que veio com o processo de urbanização crescente, com a melhor qualidade dos produtos, que condicionam mudanças de hábitos e maior consumo. O Brasil continuará tendo um grande mercado consumidor.

Mas, sem dúvida, o momento é de se preocupar com a qualidade da produção. Lá fora as regras são rígidas e o mercado é exigente. O valor do produto não se mensura só pelo número de litros ou quilos, mas por parâmetros, como contagem de germes de contaminação, que são bactérias, fungos e outros; pelo número de células somáticas dos processos mamários; pela identificação laboratorial de resíduos de produtos nocivos à saúde, como pesticidas, defensivos e outros produtos químicos. Portanto, o leite terá seu valor de acordo com sua qualidade, que, sobretudo, dependerá da saúde da vaca, da integridade da sua glândula mamária e dos cuidados higiênicos da ordenha. Todos nós teremos que nos preparar para o futuro. Novamente impõe-se uma grande responsabilidade para governo, entidades, produtores e empresários do setor.  Será preciso fortalecer os laços com a universidade e as instituições de pesquisas, assegurando o melhor relacionamento entre produção, ciência e tecnologia, para produzir conforme as exigências do mercado externo, para não ficarmos defasados e perder oportunidades.

São grandes os desafios, mas os avanços conseguidos até aqui não deixam dúvida de que é promissor o futuro da pecuária goiana. Para vencer os obstáculos sempre contamos com a parceria do Ministério da Agricultura. Gostaríamos de continuar merecendo a atenção de senhor ministroFrancisco Turra, principalmente agora, com a sua vinda a Goiás ,  visita que tanto nos honra, e que doravante, ao tornar-se mais conhecido, admirado, e respeitado, estará ainda mais receptivo as demandas de nossos produtores.
Com estas considerações deixamos aqui a certeza de que na busca de mais avanços para setor, o governo de Goiás estará sempre presente, ao lado produtor. Este é o desejo e o compromisso do governador Naphtali Alves, que é solidário e parceiro do produtor goiano, sobretudo do produtor de leite, atividade a que se dedica, com muita satisfação, comungando com os demais produtores goianos as alegrias e as tristezas que esta apaixonante atividade proporciona a quem a ela se dedica. Aqui, ele não pôde comparecer, por impossibilidade de conciliar sua agenda, mas em seu nome deixo o seu abraço e a manifestação de respeito e consideração a todos os presentes.


Muito obrigado.

segunda-feira, 26 de março de 2012

En detaque - o boi no carro de bois





O carro de bois foi essencial para o desenvolvimento do Sudoeste Goiano. 
Com ele era possível transportar diversas cargas: madeiras, telhas, tijolos, produtos agrícolas, diversas mercadorias  e até pessoas como a própria família dos agricultores. 
O primeiro veículo de rodas a adentrar-se aos sertões goianos foi um carro de bois, em 1824, vindo de Minas Gerais.





    Uma variante do carro de bois, o carretão, era um veículo construído de forma rudimentar, com eixo reforçado,  sem a típica carroceria, próprio para  transportar cargas pesadas, como toras de madeira, arrastando-as para a construção de benfeitorias.

 Com utilização destes veículos ou com o uso exclusivo de juntas de bois era possível realizar diversas serviços, inclusive obras públicas, como pontes, aterros, edificações de prédios, consertos de estradas e outros serviços.

  Embora fossem lentos, capazes de percorrer apenas três a quatro léguas por dia,  a dois quilômetros por hora, era comum, na virada do século passado,  observar filas destes, pelas principais estradas carreiras.  Podia-se ouvir, a  quilômetros,  o som característico do movimentar de seus eixos, como se entoassem tristes canções.

 Os referidos carros iam e vinham a percorrer longos caminhos para levar o que se produzia na região para  trocar por mercadorias em entrepostos, como Uberabinha, hoje Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Assim, este veículo possibilitou o intercâmbio comercial tão necessário para a sobrevivência das famílias dos pioneiros e o desenvolvimento regional. Foi desta forma que muitas famílias vieram de longínquas cidades  para o Sudoeste Goiano.


        Nestas viagens, os carreiros usavam toldar seus carros, com couro de bois e folhas de plantas, para proteger suas cargas dos efeitos do sol e das chuvas. Nos meses muito chuvosos, pelas estradas da região, sempre havia alguns carros de bois atolados. Os carreiros e os "candieiros" se juntavam de forma solidária, a emendar suas juntas de bois, formando fieiras de 8, 12 até 16 bois para desbloquear a estrada e continuar suas viagens.



 O uso do carro de bois como meio de transporte de cargas praticamente desapareceu, mas a tradição se mantém. 
Muitos fazendeiros guardam seus exemplares como lembranças de um tempo que já passou. Em Trindade (GO), uma romaria é feita desses veículos que se deslocam em caravanas de municípios vizinhos para a Festa do Divino Pai Eterno.

 Não existem mais na região os mestres da fabricação do carro. Contudo, espera-se que em alguma tese de pesquisa seja resgatado todo o processo de sua construção, que inclui a escolha das madeiras, a melhor época para a derrubada, os trabalhos de serraria, a arte de esculpir cada peça, o forjamento das ferragens e os detalhes do ajuste da afinação, da qual resulta um cantar próprio, inconfundível, que permitia, à léguas, a identificação de cada carro.

O que ninguém pode esquecer é que sem o boi carreiro não se movia o carro, nem se fazia o desenvolvimento. 

Hoje, edificam-se construções para proteger um exemplar de carro de bois, mas  quase não se vê a estátua de um boi carreiro.

 É preciso se fazer justiça à aquele que, de fato,  puxou o carro para desenvolver o país.

                    
Por  Ângelo Rosa Ribeiro, quirinopolino, ex-deputado estadual e amante das tradiõoes goianas..




segunda-feira, 12 de março de 2012

São Simão: desapareceu a magnifico canal e o majestoso espetáculo das águas.

Desapareceu o murmúrio das águas
             Através dos tempos, o rio Paranaíba esculpiu sob rochas basálticas  de seu leito um impressionante e espetacular monumento natural, sob forma de canal, que hoje   divide os estados de Goiás e Minas Gerais.  Com extensão aproximada de cinco quilômetros, este canal,  a que se denominou São Simão, encontra-se hoje submerso sob águas do Lago Azul, formado pelo barramento do Rio Paranaíba.

              O canal era uma um belo legado da natureza ao povo brasileiro. Para se ter uma ideia do seu significado, basta lembrar que o volumoso Rio Paranaíba, no trecho inicial da fenda, de margem a margem, possuía a largura de mil e duzentos metros.
              O canal ali formado em alguns pontos não contava com mais do que quarenta metros de largura por outro tanto de altura. Para receber, acomodar e transportar este volume de água o referido canal se transformava em palco de um espetáculo incessante, multiforme e de indescritível beleza.
             Tudo se iniciava pela rasura, a parte mais larga do rio, à montante do canal, que era o espaço de preparação do rio para o show das águas que se seguia. De região central da rasura, fortes correntezas arrastavam as águas para o interior do canal em sucessivas quedas pelas suas paredes, com intensos ruídos que impressionavam a quem conseguia dali se aproximar. Pelas bordas da rasura podiam ser observados pequenos e incontáveis lagos formados na superfície rochosa, semelhantes a espelhos d’água cristalina, que serviam como criadouros de espécies da fauna aquática do lugar.
Tal como relata João Alberto Soares Floriano, o poeta de São Simão, em seu livro 'Cessou o Canto das Águas': “O rio Paranaíba, largo, de repente, partido ao meio, precipita-se em estreito canal de rocha parda escura. Impressionava ao observador as águas que desciam pelas bordas do canal, envolvendo-as e mergulhando-se raivosamente para o seu interior, em violento rugido. Este movimento fazia surgir extraordinária cortina de espuma branca, a "Fumaça", como descrita na linguagem dos moradores do lugar. 
Este trecho de extensão superior a um quilometro era o local mais temido e belo do Canal. A incidência do sol sobre a densa nuvem ali formada gerava diversos arco-íris que, dependendo do local do observador, alternavam a densidade de suas cores.  O movimento das águas caudalosas desde as bordas do canal para dentro da garganta gerava estrondos vigorosos, que se ouvia a distância, a ressaltar ainda mais aquele fantástico show das quedas. Em fim, domado pelo paredão de pedra, o rio prosseguia turbilhonante por mais alguns quilômetros para alargar-se remansoso mais além.”  
O Canal de São Simão era maravilhoso, mas temerário. Em toda sua extensão, muitas mortes de indígenas e pescadores foram registradas.
A construção da barragem para viabilizar a instalação da Usina Hidrelétrica de São Simão pelas Centrais Elétricas de Minas Gerais, CEMIG, fez submergir toda esta beleza natural, restando as fotos e a história que possui inéditos e incontáveis lances como o do desaparecimento das cidades de Mateira, da Velha São Simão, da sede do Distrito de  Gouvelândia, em Quirinópolis, e do povoado de Chaveslândia, na margem mineira do Canal, cujas ruínas se encontram submersas sob águas do Lago Azul.
Assim, desapareceu o Canal de São Simão - belo patrimônio natural e o seu fantástico show das águas. Mas ficou a saudade dos habitantes do lugar como da pioneira Prudenciana de Castro, a Dona Xandoca, que inconformada e com ar de tristeza, alguns anos depois da construção da barragem, ainda reclamava: "Faltou boa vontade por parte dos envolvidos para com a preservação daqueles caprichos da natureza" que tinham que ser preservados.






                                                   Ângelo Rosa Ribeiro, ex-deputado e ex-representante de São Simão na Assembléia Legislativa de Goiás.


BIBLIOGRAFIA

FLORIANO, João Alberto Soares. Cessou o Canto das Águas. 1. ed. GO: Agência Goiana de Cultura, 1999.

domingo, 11 de março de 2012

UEG (FECLQ) Quirinópolis: autorização governamental

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sábado, 10 de março de 2012

Fotos de Itapuranga

Legenda

Foto 1: Governador Iris Rezende,  Deputado Ângelo Rosa Ribeiro e o Prefeito João Batista da Trindade anunciando o asfaltamento do trecho Itaberai-Itapuranga;
Foto 2: Prefeito João Batista e o Deputado Ângelo Rosa;
Foto 3: Deputado Ângelo Rosa, Claudion Mendes, Prefeito João Batista e Marconi Perillo, em reunião do PMDB Jovem;
Foto 4: Governador Henrique Santillo, Deputado Ângelo Rosa, Prefeito João Batista no momento em que se autorizava o funcionamento da FECLITA/UEG de Itapuranga, com realização do seu primeiro vestibular;  
Foto 5: Prefeito Jõao Batista, Primeira Dama Edna Trindade, seus filhos Cícero e Ednei em evento da Prefeitura.
Foto 6: Prefeito João Batista, Primeira Dama Edna Trindade, Deputado Federal Luiz Soyer, Deputado Estadual Angelo Rosa, Advogado Claudion  Mendes em reunião de amigos em Itapuranga.