Na década de 50, uma grande casa comercial rural
Entre os anos 1950 e 1960, o senhor Francisco Rosa Ribeiro, o Chico Preto, era um forte comerciante da zona rural, na região das Sete Lagoas.
No seu comércio, os trabalhadores rurais da região, predominantemente braçais, vindo do Nordeste brasileiro, podiam encontrar quase tudo que precisavam para o seu consumo.
Erma milhares de imigrantes que se colocavam para os serviços de derrubadas manuais dos cerrados e da mata atlantica, destocas, roçagens de capoeiras e outras
atividades pesacdas para implantação de lavouras, como arroz, milho e das pastagens do capim jaraguá.
Lazer nos finais de semana
Nos finais de semana, a venda oferecia aos seus fregueses uma programação bem diversificada. As famílias ali se reuniam, confraternizam-se e podiam ver uma corrida de cavalos, um jogo de futebol entre equipes da região ou participarem de uma rodada de bingo ou víspora. Consumiam produtos enlatados diversos, salames, bolachas e bebidas, como refrigerantes, sem álcool. Vendia-se bebidas alcoólicas, mas sob controle do proprietário.
Eram mercadorias eram adquiridas, em Uberlândia -MG, na época, o principal centro atacadista do Centro-Oeste Brasileiro. O transporte era feito em caminhões fretados, como os do senhor Afif Domingues dos Santos.
Apoio a educação e saude
Nas proximidades do armazém funcionava uma escola rural, com cerca de 70 alunos, que era mantida pelo Chico Preto, com ajudada dos pais dos alunos ali matriculados. Como professores nela trabalharam píoneiros como João Freire dos Santos, João Barreto de Souza, Mário Marques de Almeida e Ivani Borges Costa.
O comérciante mantinha um consultório com gabinete
dentário,
onde o dentista prático Beijamin Prates, o Beijinho, de Itumbiara, depois o Dr. Magalhães, um recém-formado, de Uberlândia, prestavam serviços, como preparo de dentaduras, obturações e outros serviços da
rotina
odontológica.
O setor de ferragens e utilidades parfa o campo
No armazém se vendia as ferramentas e outras mercadorias usadas para o trabalho qo campo, como machados, serra, serrotes, gurpiões, foices, enxadas, enxadões, martelos, pregos, parafusos, dobradiças e outros para os serviços de limpeza da terra a ser cultivada.
Ali se encontravam utensílios e
equipamentos para a cozinha caipira,
como fornos metálicos e chapas de
ferro para fogões a lenha, além de panelas, caldeirões, bules, caçarolas e etc.
Materiais para caça e pesca, desde varas e anzóis, até revólveres, espingardas e
suas munições.
Vendia se também veículos de transporte, como bicicletas, carroças de
tração animal, arreios e seus acessórios
.
Encontrava-se nos armazém lamparinas,
lampiões e o combustível mais vendido à
época - o querosene. Alguns eletroeletrônicos como rádio à pilhas ou à baterias, lanternas, bem como os dispositivos para reposição. Podia-se ali encontrar instrumentos musicais,
como gaitas de sopro, violões, cavaquinhos e seus acessórioss. Bebidas fracas como guaranás, capilés e fortes como aguardentes, conhaques, misturas
alcoólicas amargas e as cervejas. O fumo em corda para cigarros de palha e os
cigarros industrializados de marcas diversas como Continental, Beverly, Holywood eram vendidos.
Vendia-se ali diversas também mercadorias para atender as necessidades da família dos pioneiros. Encontravam-se marcas de perfumes e cosméticos como as memoráveis brilhantinas, óleos e cremes para pentear, loções ou águas de cheiro, bem como sabonetes e pastas dentais. Acessórios de uso pessoal como chapéus de lebre, tecidos ou de palha; o espelho de bolso, oval ou quadrado; isqueiros do tipo binga que eram abastecidos com gasolina e que acendia com pedra faiscadeira. Pentes de diversos tipos para arrumar o cabelo e para retirar piolhos, assim também tesouras, estojos para barbear, cortadores de unha, lixas, prendedores do tipo ramonas, diademas, esmaltes, alguns aviamentos e diversas bugingangas.
Roupas feitas, como as calças de brim rancheiras, precursoras das calças de
jeans. Os tecidos para confecções da
roupa de trabalho e de passeio, com amesclas, algodões de tear,
americanos, popelines, chitas, linhos, tropicais e cambraias. Os acessórios
de cama e mesa como cobertas de algodão feitas por tecedeiras da região,
cobertores do tipo sapeca negrinho, forros de plásticos e
toalhas. Os calçados ali encontrados eram as
tradicionais botinas de goma, mas vendia-se também botinas com fechamento a zíper
ou botões externos, além de sapatos, sandálias, meias e
alpargatas, que era uma espécie de sapatilha de sisal. Artigos para
festas, como bandeiras de São João e São
Pedro, fogos de artifício, bombinhas e
busca-pés tinham saídas nos meses de festas juninas.
Muito se vendia em suprimentos alimentícios como
açúcar, sal, café, fubás, farinhas estavam lá disponíveis. Enlatados, como o interessante
doce 4 em 1 de cinco quilos, além de
marmeladas, goiabadas, doces em caldas eram comercializados. Vendia-se
bastante as sardinhas enlatadas e até o
exótico camarão salgado. Além de
bolachas, bala doce, pirulitos.
Havia uma panificadora simples, onde se podia encontrar pães, roscas e
bolos.
A venda gerava um intenso movimento, sobretudo nos finais de semana,
quando para lá se dirigiam centenas de fregueses para fazerem suas compras e também em busca do divertimento, que
encontravam em vários eventos, como
partida de futebol, corrida de cavalos, sorteio
com víspora,
bingo, truco e na degustação de um refrigerante ou cerveja gelada em raras geladeiras à
querosene, com o tira-gosto, que podia ser queijo fresco da fazenda,
salsicha picada, azeitona, sardinhas ou até uma lata de camarão salgado. Muitos preferiam alegrar-se
no gole da cachaça das marcas Tatuzinho, 29, 51, e outras tão apreciadas pelas pessoas do lugar.
O ato de tratar e curar as enfermidades
Como não havia médicos por perto, nem a
possibilidade de se chegar até eles pela falta de estrada e meios de
transportes, diante das urgências e necessidades o farmacêutico era o próprio Chico Preto. Ele receitava, aplicava injeções e animava os
seus pacientes. Brincando com todos, como era de seu feitio, dizia que vender o remédio era fácil,
difícil era perguntar se o paciente melhorou. Mas, com a prática fazia prodígios com suas prescrições e até pequenas operações como extração de um berne, drenagem de furúnculo ou abscesso, retirada de objetos perfurantes e outras. Fora dele, na grande região só havia o farmacêutico prático Antonio Pinheiro, distante 6 léguas, na beira da rodovia Sul Goiana.
De seu receituário constavam medicamentos como penicilina injetável, tetraciclina solúvel e em comprimidos, que indicava para infecções de garganta, abscessos e outras. Vendia estreptomicina, de nome Dibiotil, de uso intramuscular, que ele mesmo aplicava e que curava apendicite e a difteria ou Croup, uma doença que na época matava sufocadas as crianças. V endia as sulfas Aralem, Camoquim e o Quinino para os casos comuns de febre da maleita. Indicava Heparema e Extrabil para queixas de mal estar e inchaço do fígado. Vendia Melhoral ou Cibalena o resfriado e a dor de cabeça,da gripe, que reforçava o uso com conhaque gengibre ou chá de folha de limão; Cibazol, para as diarreias. Vendia o purgante de sal-amargo e o comprimido de Lacto-Purga para o encalhamento e limpeza dos intestinos. Receitava e vendi o Sal de Gláuber, bicarbonato de sódio, ruibarbo e sal de fruta para indigestão e os problemas do estômago. Vendia a Nóz-Moscada e o Elixir Paregórico para cólicas intestinais; o Regulador Xavier para regular o ciclo menstrual das mulheres. Elixir Tauyná para ralear o sangue e melhorar a circulação. Biotônico e Tutangir como fortificantes das crianças e dos idosos. Maracujina para acalmar os nervos e o coração. O pó Matricária para os sintomas decorrentes da dentição do nenê. Auris-Sedina para a dor de ouvido e Cera Dental para a dor de dente; a pomada Frixal era vendida para contusões, dor nas costas e nas juntas. Capivarol e Emulsão Scott para pneumonia e o catarro do peito.
De seu receituário constavam medicamentos como penicilina injetável, tetraciclina solúvel e em comprimidos, que indicava para infecções de garganta, abscessos e outras. Vendia estreptomicina, de nome Dibiotil, de uso intramuscular, que ele mesmo aplicava e que curava apendicite e a difteria ou Croup, uma doença que na época matava sufocadas as crianças. V endia as sulfas Aralem, Camoquim e o Quinino para os casos comuns de febre da maleita. Indicava Heparema e Extrabil para queixas de mal estar e inchaço do fígado. Vendia Melhoral ou Cibalena o resfriado e a dor de cabeça,da gripe, que reforçava o uso com conhaque gengibre ou chá de folha de limão; Cibazol, para as diarreias. Vendia o purgante de sal-amargo e o comprimido de Lacto-Purga para o encalhamento e limpeza dos intestinos. Receitava e vendi o Sal de Gláuber, bicarbonato de sódio, ruibarbo e sal de fruta para indigestão e os problemas do estômago. Vendia a Nóz-Moscada e o Elixir Paregórico para cólicas intestinais; o Regulador Xavier para regular o ciclo menstrual das mulheres. Elixir Tauyná para ralear o sangue e melhorar a circulação. Biotônico e Tutangir como fortificantes das crianças e dos idosos. Maracujina para acalmar os nervos e o coração. O pó Matricária para os sintomas decorrentes da dentição do nenê. Auris-Sedina para a dor de ouvido e Cera Dental para a dor de dente; a pomada Frixal era vendida para contusões, dor nas costas e nas juntas. Capivarol e Emulsão Scott para pneumonia e o catarro do peito.
Produtos agropecuários
Havia poucos produtos veterinários disponívei à época O sal era o mais vendido para amnsar o gado bravio. A Creolina servia para vermes dos animais, aftas da febre aftosa, bicheiras e como desinfetante de uso geral, O BHC, um veneno, combatia pulghas, bicho-do-pé das pocilgas, o piolho de galinhas, os formigueiros e as pragas que destruíam as plantações. Estes produtos ficavam noutra secção, mas o farmacêutico era o mesmo..
Este ponto comercial na verdade era também um movimentado centro social e comunitário. Deu suporte para o desenvolvimento da região
das Sete Lagoas, na década de 50,
notadamente na fase de expansão da monocultura do arroz, no início dos anos 60,
época em que se intensificou a implantação das pastagens, para a criação de
gado e a diversificação da agricultura do município.
No estabelecimento trabalhavam o proprietário e dois ajudantes. Entre estes, registra-se a prestação de serviços como balconistas dos jovens Lázaro Mesquita de Andrade, o Zozô, filho de Joaquim Braz de Andrade; do jovem Itevaldo Martins da Silva, o Nenzinho, filho do Sr Jerônimo Martins da Silva; do jovem Geraldo Corrêa Neves, filho de Vitor Corrêa Neves.