Dr. Martins, médico e político em Quirinópolis, ao centro, e o prefeito Hélio Leão, à direita, em 1953.
Em
1937, mudou-se para Quirinópolis o médico baiano Sizenando Martins,
que morava em São Paulo. Tendo montado o primeiro consultório
médico do povoado. Sem muitos recursos, foi um pioneiro da área,
que salvou muitas vidas, ganhando muita popularidade. Casou-se com
Myrtes Lima, filha de seu conterrâneo Joao Lima, que já
morava há vários anos no povoado.
Além
de medicina, o Dr. Martins gostava de política. Foi ele quem
levantou pela primeira vez a hipótese da emancipação política de
Quirinópolis, em conversa em sua casa com o Coronel Jacinto Honório
e o farmacêutico Gilberto D'Abadia Ferreira, quando todos aprovaram
a ideia, levando o Coronel a assumir a responsabilidade pela questão.
Em
1950, o Dr. Martins já tinha larga folha de serviços prestada como
médico e era uma figura muito conhecida e querida da comunidade.
Tinha se filiado a União Democrática Nacional, a UDN, acompanhando
o seu sogro, João Lima, chefe do partido e um influente líder da
cidade. Seu adversário era o vereador Hélio Campos Leão, do forte
Partido Social Democrático, PSD, com o apoio das famílias Jacinto e
Quirino, as grandes forças da política e dos negócios da pecuária
local. A eleição se deu em 03 de outubro de 1950, mas o resultado
foi a vitória de seu concorrente, por larga margem de votos. Mesmo
derrotado, o Dr. Martins confirmou ser um político idealista e de
forma elegante e construtiva deu total apoio a administração de
Hélio Leão, cuja primeira-dama, Olga Lima, era sua cunhada. Este modo de pensar e participar fez com que começasse na política pela UDN, um partido de oposição
rival ao PSD, e migrasse para o Partido Trabalhista Brasileiro, o
PTB, que era uma sigla mais independente e menos inflexível para
apoiar as administrações comandadas por Hélio Leão, apoiado pelas
famílias aliadas dominantes. Do grupo político do qual fazia parte o
Dr. Martins destavam os líderes da família Lima, que fizeram
história, com um ex-prefeito nomeado – Flávio Fernandes Lima, em
1947, o presidente da UDN, João Lima, e os vereadores Érico
Fernandes Lima e Lauro Lima, este advogado de renome à época na
cidade.
Em 1954, o Dr. Martins voltou a disputar uma eleição, desta feita
na disputa por um vaga para a Câmara Municipal, agora pelo PTB,
quando foi eleito com 102 votos. Em 1960, pelo mesmo partido,
disputou nova vaga para o legislativo. Desta vez, chegando a a
condição de presidente da Câmara, para o perído de 01 de
fevereiro de 1963 a 21 de janeiro de 1965.
Quando
deixou a cidade o Dr. Sizenando Martins já era um homem idoso. Doou
boa parte de sua vida, como médico e como a agente político, à
comunidade. Teve um papel destacado, merencendo as honrarias de um
ilustre pioneiro da saúde e de um dedicado benfeitor da área social, que
muito fez por Quirinópolis.
Coisas do Dr. Martins
São muitas as histórias do Dr. Martins, que as pessoas do lugar gostavam de contar. Era de conhecimento geral que tinha uma caligrafia sofrível. Havia somente uma farmácia na cidade que aviava suas receitas e só uma funcionária decifrava seus rabiscos feitos com muita rapidez, com era seu estilo. Certa vez, conta-se, que ele prescreveu uma medicação que a funcionária não conseguiu entender. Então, o jeito foi voltar para que o médico falasse que remédio era aquele. Ao pegar a receita, olhou-a rapidamente e pediu: “entre, entre...fale o que estava sentindo" - por que nem ele conseguiu decifrar o que tinha escrito.
Um caso hilárico aconteceu com um senhor da região das Sete Lagoas, que chegou com o dedo indicador em riste, com um panariço na sua ponta. Ao invés de só examinar, o médico disse: “isso é coisa atoa, deixa eu ver” e rapidamente apertou o dedo inchado do paciente com a intenção de provocar o rompimento do abscesso. Como estava muito inflamado, a resposta foi um murro em seu peito, derrubando-o.
De suas receitas, as pessoa diziam: pode ver que tem Tetrex e Heparema - um dos poucos antibióticos existentes à época e um remédio para o fígado respectivamente, que gostava de receitar.