domingo, 30 de novembro de 2014

Lajimeira ou Lagimeira - a pinga do Chico Corrêa, de Quirinópolis



       Lá pelos tempos da Capelinha, denominação dada a fase primordial da cidade, que perdurou por décadas,  um produto do povoado alcançava a  fama por toda a região. Em Goiás, era procurada principalmente por  comerciantes, políticos,  servidores públicos e  visitantes, que aqui a experimentava.

     Era a pinga Lajimeira, uma bebida fabricada por alambiques do senhor Francisco Corrêa Neves, o Chico Corrêa, um pioneiro de Quirinópolis, na região da Bruaca, em tonéis de carvalho ou de bálsamo e com algum segredo, que ninguém foi capaz de descobrir, pois não se viu outro produto, com aquela qualidade. Diz-se que ela teria sido levada até para a Alemanha, onde conquistou muitos apreciadores.

         Quando estudava na capital goiana, pude verificar que o nome de Quirinópolis era lembrado por aquela caninha. Muitos me perguntavam se eu era da terra da Lajimeira. Surpreendentemente, ela era muito conhecida por lá.

       Havia muita procura por aquele produto que desapareceu de forma inexplicável. Os apreciadores queriam saber se alguém ainda possuía algum litro ou garrafa. Era coisa de muito valor. 

     Até pouco tempo, era possível ver no mercado alguns exemplares supostamente deste precioso líquido. Mas, não tinham a mesma qualidade. Tratava-se de falsificação, por parte de aproveitadores, que queriam levar alguma vantagem devido a fama do produto antigo.

        Essa história é pouco conhecida dos mais jovens, mas deve ser divulgada para conhecimento de todos, que uma famosa caninha produzida nesta terra, com a marca  Lajimeira, fez tanto sucesso, com uma demanda inusitada e foi um referencial da capacidade de nossa gente em produzir coisa boa.

                Angelo Rosa Ribeiro, 71, quirinopolino, ex-deputado, ex-secretário estadual de agricultura, ex-secretário estadual de planejamento e coordenação.

             

Dr. Sizenando Martins - médico e político de Quirinópolis


Dr. Martins, médico e político em  Quirinópolis, ao centro, e o prefeito Hélio Leão, à direita, em 1953.

             Em 1937, mudou-se para Quirinópolis o médico baiano Sizenando Martins, que morava em São Paulo. Tendo montado o primeiro consultório médico do povoado. Sem muitos recursos, foi um pioneiro da área, que salvou muitas vidas, ganhando muita popularidade. Casou-se com Myrtes Lima, filha de seu conterrâneo Joao Lima, que já morava há vários anos no povoado.


            Além de medicina, o Dr. Martins gostava de política. Foi ele quem levantou pela primeira vez a hipótese da emancipação política de Quirinópolis, em conversa em sua casa com o Coronel Jacinto Honório e o farmacêutico Gilberto D'Abadia Ferreira, quando todos aprovaram a ideia, levando o Coronel a assumir a responsabilidade pela questão.

             Em 1950, o Dr. Martins já tinha larga folha de serviços prestada como médico e era uma figura muito conhecida e querida da comunidade. Tinha se filiado a União Democrática Nacional, a UDN, acompanhando o seu sogro, João Lima, chefe do partido e um influente líder da cidade. Seu adversário era o vereador Hélio Campos Leão, do forte Partido Social Democrático, PSD, com o apoio das famílias Jacinto e Quirino, as grandes forças da política e dos negócios da pecuária local. A eleição se deu em 03 de outubro de 1950, mas o resultado foi a vitória de seu concorrente, por larga margem de votos. Mesmo derrotado, o Dr. Martins confirmou ser um político idealista e de forma elegante e construtiva deu total apoio a administração de Hélio Leão, cuja primeira-dama, Olga Lima, era sua cunhada. Este modo de pensar e participar fez com que começasse na política pela UDN, um partido de oposição rival ao PSD, e migrasse para o Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB, que era uma sigla mais independente e menos inflexível para apoiar as administrações comandadas por Hélio Leão, apoiado pelas famílias aliadas dominantes. Do grupo político do qual fazia parte o Dr. Martins destavam os líderes da família Lima, que fizeram história, com um ex-prefeito nomeado – Flávio Fernandes Lima, em 1947, o presidente da UDN, João Lima, e os vereadores Érico Fernandes Lima e Lauro Lima, este advogado de renome à época na cidade.

            Em 1954, o Dr. Martins voltou a disputar uma eleição, desta feita na disputa por um vaga para a Câmara Municipal, agora pelo PTB, quando foi eleito com 102 votos. Em 1960, pelo mesmo partido, disputou nova vaga para o legislativo. Desta vez, chegando a a condição de presidente da Câmara, para o perído de 01 de fevereiro de 1963 a 21 de janeiro de 1965.

              Quando deixou a cidade o Dr. Sizenando Martins já era um homem idoso. Doou boa parte de sua vida, como médico e como a agente político, à comunidade. Teve um papel destacado, merencendo as honrarias de um ilustre pioneiro da saúde e de um dedicado benfeitor da área social, que muito fez por Quirinópolis.

Coisas do Dr. Martins

         São muitas as histórias do Dr. Martins, que as pessoas do lugar gostavam de contar. Era de conhecimento geral que tinha uma caligrafia sofrível. Havia somente uma farmácia na cidade que aviava suas receitas e só uma funcionária decifrava seus rabiscos feitos com muita rapidez, com era seu estilo. Certa vez, conta-se, que ele prescreveu uma medicação que a funcionária não conseguiu entender. Então, o jeito foi voltar para que o médico falasse que remédio era aquele. Ao pegar a receita, olhou-a rapidamente e pediu: “entre, entre...fale o que estava sentindo" - por que nem ele conseguiu decifrar o que tinha escrito.

           Um caso hilárico aconteceu com um senhor da região das Sete Lagoas, que chegou com o dedo indicador em riste, com um panariço na sua ponta. Ao invés de só examinar, o médico disse: “isso é coisa atoa, deixa eu ver” e rapidamente apertou o dedo inchado do paciente com a intenção de provocar o rompimento do abscesso. Como estava muito inflamado, a resposta foi um murro em seu peito, derrubando-o.

           De suas receitas, as pessoa diziam: pode ver que tem Tetrex e Heparema - um dos poucos antibióticos existentes à época e um remédio para o fígado respectivamente, que gostava de receitar.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

GO-319 - Um novo caminho para Goiânia

Quirinópolis>Castelândia>Porteirão>Edéia>Indiara>Goiânia


A luta do ex-deputado Ângelo Rosa

              O asfaltamento para Castelândia teve início no governo de Naphtaly Alves, quando o ex-deputado Ângelo Rosa era seu Secretário de Planejamento e Coordenação. Naquela época foi possível priorizar a construção dos primeiros 5 (cinco) quilômetros no trecho que ia do Trevo de Quirinópolis ao Povoado do Tocozinho ou Denislópolis. A continuidade das obras foram interrompidas por alguns anos.


        A ligação Tocozinho-Castelândia tornava-se necessária para completar um importante corredor rodoviário, ao ligar Indiara à Quirinópolis e ao Porto de São Simão, cortando o produtivo vale dos rio dos Bois, pela sua margem esquerda, onde desenvolve-se intensamente o agronegócio. Por sinal, essa região também será cortada pela Ferrovia Norte-Sul. Além da evidente viabilidade econômica, a rodovia permitirá uma ligação das cidades do Extremo Sudoeste Goiano com a capital goiana por um percurso bem menor, cerca de 30 (trinta) quilômetros, que o atual por Santa Helena e Acreúna.

             As cobranças continuaram nos governos seguintes. Para reinício das obras contribuiu o  governador Marconi Perillo, que retomou negociações com a empreiteira, ao atender os pedidos de Odair Resende, deputado Nilo Resende e do ex-deputado e assessor parlamentar Ângelo Rosa. Marconi retomou a obra e a visitou em andamento, no final de seu segundo  governo. Mas é preciso que se faça justiça ao ex-governador Alcides Rodrigues, de quem Ângelo Rosa foi assessor especial, pelo seu compromisso com o asfaltamento até Castelândia, assumido ainda na campanha eleitoral, naquela cidade, na presença do assessor especial citado, do deputado Nilo Resende, outro destacado lutador pela rodovia, que leva o nome de seu pai, Onício Resende; do presidente da Câmara de Quirinópolis, vereador Valderi Barbosa; vereador Célio Rosa, ex-vereador Anádio Rosa e outras lideranças de Quirinópolis e Castelândia. Nesta ocasião, o governador pediu que todos dessem as mãos para formar uma corrente pela compromisso que assumia, dela fazendo parte o ex-deputado Nerivaldo Costa, amigo pessoal do governador Alcides Rodrigues, que deu decisiva ajuda para a execução do asfaltamento até  o povoado do Tocozinho. 

            Ao constatar, em agosto de  2014, a inexistência de projeto técnico atualizado para a construção da rodovia, o ex-deputado Ângelo Rosa informou ao prefeito Odair Resende e solicitou ao deputado Heuler Cruvinel e ao assessor Ronivon Ferreira, que o acompanhasse na Agência Goiana de Transportes, AGETOP. Numa quinta-feira, dia 05 de setembro de 2013, foram recebidos pelo presidente  Jaime Rincon, de quem cobraram providências sobre o andamento da obra (veja a foto), em virtude  do compromisso do governador Marconi Perillo com a mesma. 


          O presidente, diante da legitimidade da cobrança, ouviu sua assessoria técnica e determinou imediata realização do projeto técnico, a primeira providência concreta para a conclusão das obras interrompidas no povoado do Tocozinho, que por determinação do governador Marconi Perillo já teria dotação orçamentária definida.


               Como está programada  a conclusão do asfaltamento do trecho Edéia - Porteirão para o final deste ano, ficará restando apenas o asfaltamento do trecho Tocozinho - Castelândia para que toda a rodovia esteja asfaltada e liberada ao trânsito.


             Com o projeto técnico elaborado, o governo de Goiás viabilizará recursos para completar esta importante obra, que é desejada por toda a população do extremo Sudoeste Goiano.O compromisso do governador era iniciá-la ainda em 2014, mas deve pelo menos licitá-la.

Foto de Francisco Rosa Ribeiro, em 2013, aos 97 anos


       
           Esta foi uma das últimas fotografias do senhor Francisco Rosa Ribeiro, o Chico Preto, ainda bem de saúde, ao seu estilo alegre e espirituoso, com certeza indo para sua fazenda no Córrego Grande, na região das Sete Lagoas, berço de sua família e o lugar que mais gostava de frequentar.