Quem era a Chica Doida?
A mudança histórica e cultural
Com a chegada dos pioneiros, sobretudo gente mineira e paulista, desenvolveu-se aqui, neste vale goiano do rio Paranaíba, uma próspera agricultura. O milho era o destaque, por ser alimento rico em proteínas para nutrir as família dos que aqui laboravam, bem como, suas criações domésticas.
Os moradores produziam milho para seu consumo. O excedente comercializavam, estimulados pelas crescentes demandas do Triângulo Mineiro e outras regiões.
Em vista disso, a expansão da cultura foi significativa à época, conforme séries históricas da agricultura goiana.
Do futo da planta humilde de Cora
Dos frutos da planta humild
Com os pioneiros, em meados dos século passado, chegavam diversas receitas para o melhor aproveitamento do fruto da planta humilde, que se consagraria em célebre oração da escritora goiana Cora Coralina.
O cultivo do milho criou o costume familiar do compartilhamento festivo para colher o milho verde, descascar as espigas, preparar a massa essencial - das pamonhas e outras guloseimas.
Neste contexto, um prato incrível surgia em Quirinópolis.
A história da Chica Doida
Veio do patriarca João Batista da Rocha, farmacêutico e líder político à época, o pedido à Dona Petronilha Cabral, sua esposa, a quem carinhosamente chamava de Tóia, para preparar um prato diferente da massa do milho verde não usada nas pamonhas, dando-lhe a dica - bem apimentada.
Dona Petronilha repassou a ordem para sua ajudante, a empregada doméstica, Chica, uma negra que fazia milagres na cozinha, com recomendações quanto ao que ela deveria fazer e aos ingredientes que poderia usar.
Das mãos de Chica surgiu um prato surpreendentemente saboroso e fortemente apimentado, que foi por ela levado à mesa. Com emoção e espanto o patriarca perguntou à sua esposa: o que é isso, Tóia? Na dúvida, ela se referindo à ajudante, disse - "É a CHICA DOIDA". Surpresos, toods apreciaram a novidate que, por óbvio, ficou assim batizada e denominada.
Era o ano de 1947. A notícia se espalhou pela pequena Quirinópolis. A receita foi copiada com sucesso e se propagou por toda parte. O prato incomparável da culinária quirinopolina, preparado de forma inédita, hoje é conhecido e apreciado no mundo inteiro.
Era o ano de 1947. A notícia se espalhou pela pequena Quirinópolis. A receita foi copiada com sucesso e se propagou por toda parte. O prato incomparável da culinária quirinopolina, preparado de forma inédita, hoje é conhecido e apreciado no mundo inteiro.
Festival da Chica Doida
Os quirinopolinlos se orgulham da proeza de sua culinária. O poder público, em parceria com a comunidade, de forma elogiável, protagoniza a cada ano grande festval temático, que valoriza a tradição e a cultura de nossa gente, movimenta a região, atrai turistas, divulga a cidade e fortalece a economia municipal.
Por justiça, o nome Chica, da cozinheira, que não era doida, mas talentosa, ficou para a posteridade, vinculado à iguaria.
Fonte: Pesquisas e depoimentos de antigos moradores da cidade.
Por Ângelo Rosa Ribeiro, que é quirinopolino, ex-professor da UFG, ex-deputado estadual, ex-secretário estadual de agricultura e e-secretário estadual de planejamento.