Entre tantas histórias de administrações públicas, algumas chamam a atenção por terem desfechos inusitados, como a do exemplo que a seguir será comentado.
Por volta do ano 2000, assumia a prefeitura de Gouvelândia, o candidato Ademar Macedo dos Santos Júnior, com a logo ' Jr. Mais Cedo', com proposta de renovação da política local. Era jovem, não tinha a rejeição dos políticos mais velhos e agradou o povo, sempre defendendo mudanças para melhorar a vida das pessoas. De fato, era uma revelação na política local.
Foi fácil a tarefa de eleger o Macedo, mas a vitória que lhe concedeu poder, logo iria cobrar-lhe um alto preço.
Ele precisava primeiro voltar-se para comunidade que o elegeu, buscar pessoas com conhecimento das demandas e dos compromissos de campanha, que tivessem capacidade de gestão, credibilidade pública, qualificação técnica exigida, sensibilidade politica e idealismo para arrumar logo a casa e tocar a gestão, no momento em que a população estava disposta a esperar.
Mas, isso não aconteceu. Sem experiência, não se aprofundou na busca de gente capaz para nomear seu secretariado e constituir um conselho de administração experiente para ajudar no planejamento e tomada das principais decisões.
Com o tempo, os problemas foram se agravando. O seu plano de obras não se encaixava mais no seu orçamento. Para alguns, faltaram humildade e realismo. Para outros, um ar de vaidade e arrogância tomava conta do prefeito e de seus assessores. As más notícias começaram a se espalhar.
O prefeito buscou recursos no governo estadual e até em Brasília com apoio de seus deputados, mas os recursos não chegavam no tempo certo. Preocupado, com muitas obras em andamento, procurou a opinião de seu amigo, o ex-deputado Ângelo Rosa, que hoje pode dar seu testemunho.
Fiquei honrado pela consulta, afinal foi de minha autoria a iniciativa da emancipação de Gouvelândia. Depois de ouvi-lo, lembrei a ele que um prefeito deve sempre dar seus passos, conforme suas pernas, não fugindo dos limites do orçamento. Economizar no início para investir no fim. Não deixar os críticos sem adequada resposta e ser sempre transparente, criterioso, justo e honesto, não dando motivos para o povo desconfiar de sus ações. Manter bom relacionamento com os parceiros do poder legislativo, ministério público e judiciário, O resto é consequência do dia a dia, de seu aprendizado, performance e da sua liderança pessoal.
De forma pouco agradável, soube que tudo que não podia acontecer já tinha acontecido. Os agentes políticos experientes e idealistas que podiam ajudar, já o criticavam. Acabara a confiança e a colaboração espontânea da população.
Isolado, o prefeito só recebia pedidos dos mal intencionados e de aproveitadores. Foi aí que apareceram os advogados para evitar o agravamento das ações judiciais já em execução. O prefeito, na defensiva, teve que se afastar ainda mais do povo. No fim, acabou sendo afastado do cargo.
Como sempre acontece, fugiram dele os políticos que lhe ofereciam recursos e os amigos de oportunidades. Ficaram com ele a má fama, os advogados e os intermináveis processos na justiça
Nunca mais se viu falar do prefeito Júnior Macedo. Era um jovem sonhador, que parecia ter muito futuro. De fato, teve a oportunidade de ser prefeito e lutar pela sua querida cidade.
Seu insucesso muito nos ensinou. Seu sonho virou pesadelo, todavia, ainda hoje, a lição oferece subsídios válidos, como regras básicas e sempre atuais para quem quer fazer uma boa e harmoniosa gestão.