quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Origem e feitos de Francisco Rosa Ribeiro



Origem e Feitos de Francisco Rosa Ribeiro

Francisco Rosa Ribeiro, o Chico Preto, como é conhecido, nasceu em 05/10/1915, na região das Sete Lagoas, Distrito de N. S. D’Abadia do Paranaíba, hoje Quirinópolis. É filho de Sebastião Ovídio Ribeiro e Josina Rosa de Morais.  Eram seus avôs, pelo lado paterno, Antonio Ovídio Ribeiro e Sebastiana Rita de Jesus, que vieram de Prata - MG, para trabalhar em terras do Coronel Jacinto Honório. Pelo materno, Francisco Rosa de Morais, pioneiro das Sete Lagoas, descendente de portugueses e originário de Araxá - MG, que aqui chegou em 1860, aos 18 anos, para se juntar a Ana de Jesus Morais, filha da ex-escrava Brígida, que pertencia a escravaria do João Crisóstomo de Oliveira, o primeiro desbravador desta região. O apelido Chico Preto veio para diferenciá-lo de Chico Rosa, seu avô, e de um primo, que eram brancos. 

Francisco Rosa Ribeiro tinha apenas nove anos, quando perdera seu pai. Como era o filho mais velho, ajudou sua mãe a criar seus irmãos - Azarias, João, Maria Luca, Luzia e Cristiano, todos de assinatura Rosa Ribeiro. Com eles cuidavam do gado, das plantações e de outras atividades da fazenda. O Chico Preto desenvolveu sua habilidade como líder da família e se fez respeitado pelos irmãos, amigos e companheiros.  

Aos 35 anos, após uma longa jornada de vida bem intensa, casou-se com Olina Alves Rodrigues, uma garota de 17 anos, que era filha de Benedito Gonçalves Rodrigues (Benedito Carlota) e dona Olímpia Alves Rodrigues. Portanto era neta do casal Pedro Gonçalves Rodrigues (Pedro Cecília) e dona Carlota Correa Neves, pelo lado paterno. A índia Maria Alves Rodrigues era sua avó, pelo lado materno. Do casamento citado resultaram os filhos Ângelo, Aldo, Anádio e Arnaldo Bartolomeu.

Chico Preto, em 1960, era um modesto criador de gado e produtor de leite. Por um determinado tempo, no início dos anos 70, dedicou-se a agricultura, ao plantio de arroz de sequeiro, mas devido as constantes frustrações de safras, por falta de chuvas, teve que abandonar a lavoura, plantando capim em seu lugar. Como a sua principal atividade era o comércio, podia se dizer, então, que ele era um comerciante da zona rural. Todavia, tinha uma grande paixão: a política. E com o passar dos anos se fez um influente líder político. Antes mesmo de se casar, já era um militante. Foi coordenador de campanhas de candidatos a prefeito e membro do PSD – Partido Social Democrático.  Era amigo e companheiro político dos ex-prefeitos Joaquim Quirino Cardoso e Hélio Campos Leão, já falecidos. Este último, uma legenda política, que por três vezes administrou o município, em suas etapas de estruturação, tornando-se o seu grande benfeitor. 

            Como político Chico Preto sempre discutia com seus amigos os problemas da região e a forma de resolvê-los.  Foi o principal articulador das campanhas eleitorais dos representantes da região. Ajudou seus companheiros Cory Andrade Oliveira e João Vieira Neto a se elegeram vereador, cada um por dois mandatos consecutivos e Valdemar Rosa Martins, por um mandato. Chico Preto também ajudou a eleger como vereadores seus filhos, Anádio Rosa Ribeiro, por um mandato e Aldo Rosa Ribeiro, por duas legislaturas. Com seu apoio, o filho Ângelo Rosa Ribeiro se elegeu deputado estadual em 1982 e 1986, consecutivamente. Este chegou a ocupar por duas vezes o cargo de secretário estadual de agricultura e de secretário estadual de planejamento e coordenação, nos governos de Henrique Santillo e Naphtaly Alves. O Chico Preto, pela sua origem humilde, muito se orgulha de ter como o filho o primeiro deputado de seu partido filho de Quirinópolis e  o primeiro a ocupar cargos de primeiro escalão no governo de Goiás.

          Sua luta política resultou em importantes conquistas para a região das Sete Lagoas, como abertura e conservação das estradas, construção de pontes, escolas, assistência a doentes, prestação de serviços, através da contratação de dentistas, apoio ao esporte e tantos outros benefícios. Em sua fazenda, construiu e manteve, com ajudas de pais de alunos, por vários anos, uma escola rural particular, onde os professores José Freire dos Santos, João Barreto de Souza, Ivani Borges Costa e Mário Marques de Almeida puderam ajudar mais de 100 alunos a conquistar a tão necessária alfabetização e os conhecimentos das disciplinas do ensino primário.   

            Em 1961, apoiou o candidato João Hércules, que se elegeu prefeito municipal e recebeu dele operários, máquinas e a missão de abrir, pelo meio de espessa mata,  a rodovia que liga o povoado do Tocozinho à Castelândia, obra a que se dedicou até o seu final.

Em 1965, quando foi indicado, pelos seus companheiros de oposição, candidato a vereador, a repressão à atividade política era escancaradamente exercida, em todo lugar. Em Quirinópolis, também, por aqueles que aqui se aliavam à ditadura militar. Como político, demonstrou coragem e idealismo, aceitando uma missão que criava indisposição com o poder absoluto e autoritário dominante. Em algumas oportunidades participou de sessões da Câmara Municipal, sob cerceamento de militares, que a todos constrangiam.  Eram raros os líderes que na época aceitavam uma candidatura oposicionista, porque temiam as perseguições políticas. Desta forma, exerceu um importante papel na defesa dos ideais democráticos ameaçados aqui e em toda parte do país.  E tudo isso, sem nenhuma remuneração, como era, naquele tempo, a atividade do vereador.


Os anos se passavam, Chico Preto continuava com sua militância idealista e assim se tornou vice-presidente do PMDB de Quirinópolis, mais tarde seu presidente de honra. Repassou aos filhos a paixão pela política e o ideal de servir com alegria, sem nada exigir em troca. Sua esposa Olina Alves Ribeiro, sempre o acompanhou e sente-se orgulhosa pela luta de seu esposo e seus filhos, pelo prazer que todos sentem ao servir aos seus semelhantes, sobretudo aos necessitados, pelos quais sempre dedicou sua atenção. Desde que estão juntos, o casal nunca deixou de participar de atividades político-partidária. A sua casa esteve sempre cheia de gente, como seus filhos, parentes, amigos e, claro, os seus correligionários. Na hora das eleições ninguém ficava em cima do muro. 

Em 2002, descontente com a forma de atuação de seu partido e diante de divergências incontornáveis com a cúpula local do mesmo, ainda na coordenação política da família, decicidiu sair com os filhos da agremiação e apoiar o candidato a reeleição Marconi Perillo. Em seguida, à pedido deste, filiou-se com sua família no Partido da Social Democracia Brasileira, PSDB, onde permaneceu fiel até seus últimos dias de vida.

Como homenagem aos pioneiros, Chico Preto sempre dizia: “Só quem conheceu a região, como conheci, toda coberta de extensos cerrados e matas, tão atrasada e improdutiva, pode imaginar todas as dificuldades, sofrimento e os temores porque passaram os pioneiros, porque, naquele tempo, o desconhecido dominava e representava uma ameaça constante. Um mundão a perder das vistas, coberto de cerrados e matas, com gente sem instrução e informação, sem novidades e que pouco produzia. Era preciso viver, tanto quanto hoje é preciso, mas não existiam vacinas, médicos, farmacêuticos, disponibilidade de remédios e outros recursos. Quando muito curandeiros e parteiras. Diante de cobras, bichos ferozes, acidentes graves, doenças perigosas e outras adversidades muitos perderam suas vidas e quase nada se podia fazer, além de pedir a proteção de Deus. 

       Para modificar aquela realidade muitos companheiros doaram suas vidas. Por isso é possível avaliar o tamanho da contribuição que estas famílias e seus descendentes deram, ao longo de muitos anos, para que o município chegasse aonde chegou, com todas as facilidades que hoje nele existem. Dado as dificuldade enfrentadas, penso que mereciam ser lembrados e homenageados todos os pioneiros, benfeitores, moradores e trabalhadores daquela época, diante de seus descendentes e familiares”.

Veja ainda neste blog:

1) Lembranças da "Venda do Chico Preto"
2) A abertura do rodovia Tocozinho a Castelândia
3) Clarões: Contos do Chico Preto
4) Uma cidade de valentões
5) Primeiros Moradores de Quirinópolis (incompleto)
6) Morre ex-vereador Francisco Rosa, de Quirinópolis
7) Chico Rosa, 1870, um pioneiro das Sete Lagoas



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