sábado, 24 de julho de 2010

O Sudoeste Goiano em Tom Maior

Editorias / Opinião/Diário da Manhã/
19 de Junho de 2010
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O Sudoeste Goiano em Tom Maior
A história da região Sudoeste difere das demais regiões goianas, pela forma independente com que alavancou seu desenvolvimento. A região cresceu isolada do contexto da Província, que saiu de um ciclo de prosperidade - o Ciclo do Ouro - e mergulhou em uma profunda crise econômica, que durou 100 anos. Nesta época ocorreu a ocupação do Sudoeste Goiano, que se desenvolveu sustentado pela criação de gado e pela oportunidade de sua comercialização nas regiões de origem dos produtores, as vizinhas Triângulo Mineiro e Oeste de São Paulo, bem mais desenvolvidas. O Sudoeste Goiano cresceu com a acumulação de capital sob poder de grandes proprietários rurais, o que fez surgir poderosos coronéis, como Antônio Rodrigues Pereira e Jacinto Honório da Silva, na região do Distrito de Quirinópolis, em Rio Verde, que movimentavam a economia da região, comprando gado de pequenos criadores, inclusive em terras mato-grossenses. Em 1918, sob o patrocínio da iniciativa privada, abriu-se a Autovia Sul-Goiana, a primeira de Goiás, ligando Santa Rita do Paranaíba, hoje Itumbiara, a Rio Verde, Jataí e Santa Rita do Araguaia, em iniciativa que valorizou e deu grande impulso ao Sudoeste. A ascensão de Pedro Ludovico Teixeira, ao governo de Goiás, uma liderança surgida nos movimentos políticos do Sudoeste, iniciou a aproximação da região ao contexto socioeconômico goiano.
A agricultura na região surgia como uma atividade auxiliar na formação de pastagens e na abertura de fronteiras para a pecuária de corte. Assim, tomou lugar as lavouras de arroz de sequeiro, cuja produção era comercializada, em Uberlândia, tida como capital econômica da região. Com a modernização da agropecuária e a conquista tecnológica dos cerrados, a partir da segunda metade do século passado, houve substituição da monocultura do arroz, até então dominante, pela pluriatividade agrícola, com grãos, oleaginosas e outras culturas, que logo se expressava em termos de seguidas superssafras. O Sudoeste Goiano tornou-se, então, polo de atração de projetos agroindustriais, que demandam grande quantidade de matérias primas, como grãos, frangos e suínos, o que tem levado a um uso intenso das terras de seus municípios.
A área ocupada pelo Sudoeste Goiano é de 61.498,032 mil hectares. Sua população é de 518.274 habitantes. A região é hoje a maior produtora estadual de soja, milho e sorgo. Sua produção de grãos atingiu 6,0 milhões toneladas, cerca de 45,0 % do total produzido pelo Estado. O rebanho bovino de 3,4 milhões de cabeças e a produção de leite de 400,0 milhões de litros, também são destaques no âmbito estadual. A região lidera a expansão da avicultura, suinocultura e da cana-de-açúcar em Goiás.
Pode-se afirmar que os municípios do Sudoeste formam um polo dinâmico da territorialização do agronegócio, em Goiás. Nele planta-se e colhe quase de tudo e em diferentes épocas do ano, devido às condições de solo e ao regime hídrico favorável.. A cana-de-açúcar é plantada em qualquer época, para atender a escala industrial. Na região de eixo Rio Verde-Jataí-Mineiros é possível realizar duas colheitas anuais, como ocorre nas safrinhas complementares de milho, sorgo granífero e milheto. A pecuária eleva sua produtividade, por meio de confinamentos. O padrão de desenvolvimento das atividades agrícolas e o inter-relacionamento das cadeias produtivas, como a da soja, cana-de-açúcar, milho, sorgo granífero, algodão, tomate, girassol, pecuária de leite e de corte, suínos e aves vem atraindo grandes investidores e promovendo o desenvolvimento de diversos complexos agroindustriais e de parcerias na forma de clusters, como os das cadeias produtivas de suínos e aves de Rio Verde e o sucroalcooleiro, em desenvolvimento, em Quirinópolis, para maximizar a eficiência dos empreendimentos da região.
Favorece o desempenho da produção agroindustrial, a existência de rodovias federais e estaduais, cortando o Sudoeste em direção aos grandes centros consumidores e aos principais portos do litoral, na região Centro-Sul. O potencial logístico inclui a Hidrovia Paranaíba-Paraná-Tietê e a Ferronorte. Os grandes grupos sucroalcooleiros da região investem na viabilização de um alcooduto, que servirá a todo a região produtora de etanol. Ainda deve ser ressaltado, como ponto forte em favor do desenvolvimento regional, a grande disponibilidade de mananciais hídricos para irrigação. O Sudoeste possui potencial para o desenvolvimento do turismo, como o de aventuras ou eco turismo, pela existência de grandes lagos, parques naturais, belas cachoeiras, águas termais, cavernas, com registros milenares da arte humana e, ainda o agroturismo, em propriedades e empreendimentos, que bem representam o alto desenvolvimento tecnológico da agropecuária regional. A existência de grandes lagos favorece a expansão da aquicultura. A região avança na produção de energia limpa e renovável, através da multiplicação de pequenas centrais hidrelétricas em diversos mananciais hídricos e da cogeração, pela queima do bagaço da cana-de-açúcar, que já propiciam suporte energético, para o seu desenvolvimento.
A implantação prevista da Ferrovia Norte Sul oportunizará o surgimento de uma nova logística de transportes, com integração rodovia-ferrovia-hidrovia, interligação dos portos do Atlântico, no litoral Leste e Norte do país, além de dar origem a novos polos industriais e complexos de logística, nas cidades em que instalará seus pátios de transbordo. Por tudo isso, espera-se ainda a elevação das intenções de investimentos privados, mormente em empreendimentos sucroalcooleiros, indústria de alimentos, serviços, que conforme levantamentos da Sepin/Seplan chegam aos 5,3 bilhões de reais, até 2013..
O Sudoeste Goiano pode se desenvolver ainda mais sua pujante economia, através da superação de alguns entraves existentes, como infraestrutura e logística de transportes e armazenamento da produção agrícola, para alcançar a máxima produtividade, sem abrir novas áreas de cerrado e sem agressões ao meio ambiente. Espera-se maior apoio à universidade, entidades oficiais de proteção ao meio ambiente, organizações não governamentais, para conscientização e acompanhamento das atividades produtivas, com vista a garantia de sustentabilidade, preservando o bioma e o meio ambiente, para as futuras gerações. Do mesmo modo, espera-se que a população residente possa usufruir deste desenvolvimento, com oferta de mais empregos, disponibilidade de mais vagas para a capacitação profissional, maior remuneração do trabalho, melhor qualidade de vida e oportunidades para todos.
Ângelo Rosa Ribeiro é ex-deputado e ex-secretário estadual de Agricultura e de Planejamento

Um comentário:

  1. Parabéns pela iniciativa. Necessitamos de informações contundentes a respeito de nosso estado. Um ótimo resumo.

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