segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Meus belos Ipês floridos

    




         Há no país um complexo de nove ou dez espécies do gênero Tabebuia,  palavra tupi que significa “árvore de casca grossa”. Os ipês posuem características mais ou menos semelhantes, com flores amarelas, brancas, rosas ou roxas. São popularmente conhecidos como ipê, ipé e  pau d' arco.     

           O ipê é uma árvore diferente da maioria das outras: quando suas flores nascem, as folhas caem dos galhos. Quando se vê um ipê florido, sabemos que a primavera está próxima — a maioria dos ipês floresce no final do inverno ou no começo da primavera. A imagem do ipê é bastante representativa do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil.

              O Ipê Amarelo é considerado a mais bela árvore do cerrado e também a mais conhecida. Na foto do alto pode se ver um Ipê Amarelo do cerrado, típico, com sua floração nas secas. Não há região do país onde não exista pelo menos uma variedade de Ipê, mas estão ficando cada vez mais escassos no seu habitat natural.  Eles proporcionam um belo espetáculo, com sua floração em  arborização de ruas em muitas cidades brasileiras. São lindas árvores que embelezam e promovem um colorido no final do inverno. Existe uma crença popular de que após sua floração não ocorre  mais geadas.

          A madeira dos ipês é considerada de lei — quer dizer, é madeira de qualidade. Por ser dura e resistente, é empregada na construção civil e naval, em assoalhos, vigas, eixos de rodas e peças de marcenaria. Por ser muito procurada, as árvores de Ipês devem ser plantadas em grandes quantidades, por reflorestamento,  para poupar as existentes na natureza muito  procuradas  e evitar  o risco da extinção. 

           Suas flores são lindas e embelezam as ruas em que se encontram. As árvores florescem no inverno e na primavera. O ipê-roxo é o primeiro a florir: de junho a agosto nas regiões quentes, um pouco antes nos locais mais frios. O ipê-amarelo floresce entre agosto e setembro e o ipê-branco, de setembro a outubro.

              O ipê é a árvore-símbolo do Brasil.  Infelizmente, são  considerados vulneráveis quanto à ameaça de extinção na natureza.  As diversas espécies de ipês podem ser perpetuadas por sementes ou mudas.  Cada vez mais são adotada em quintais, sítios ou em reflorestamentos. Depois de  plantadas, em curto espaço de tempo estarão alegrando o seu meio ambiente.

             Adote um Ipê. Você estará contribuindo para salvar da extinção uma maravilha da natureza



Acesse o link do youtube abaixo e ouça:

Sinfonia de Ipês

http://www.youtube.com/watch?v=2Iy-qqwXeXU&sns=e 

Acesse o link do yuotube a seguir:


LIU E LEO - O IPE E O PRISIONEIRO.wmv - YouTube

Vídeo de meu ipe florido liu e leu▶ 3:42www.youtube.com/watch?v=AIVhEuZeo1M
17/04/2012 - Carregado por Marcelo Bissi
O Ipê e o Prisioneiro (ipê Florido) Liu e Léu
 Quando a muitos anos fui aprisionado nesta cela fria do ... 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O primeiro morador de Quirinópolis (incompleto)

João Crisóstomo – pioneiro e primeiro valentão de Quirinópolis

              O primeiro morador da região de Quirinópolis foi João Crisóstomo de Oliveira Castro, que veio de Ouro Preto, Província de Minas Gerais, em 1832, trazendo consigo parte da família, comitiva e escravaria. Ocupou uma vasta área de terras para a criação de gado, naquela desabitada parte do território do Sudoeste Goiano. Conforme relata o escritor Bernardo Elis, no comentário cultural intitulado “Agora Aparece um Machão”, publicado em seu livro “Goiás Em Sol Maior”, o tal João Crisóstomo saltou o rio Paranaíba, próximo ao local onde hoje está Itumbiara e “se adentrou no mais afastado do sertão, no meio da mataria virgem, que ele era homem de gostar de gritar e não escutar ninguém por perto para responder,” alcançando a região do ribeirão Fortaleza, nas imediações do seu afluente, o córrego Água Limpa, como hoje é conhecido.  

             O padre Antonio Dias veio em seguida para rezar e abençoar o lugar, mas teve que se retirar rápido, porque também de reza e de padre, naqueles tempos, o desbravador não gostava.
 
            Passados alguns anos, chegou Custódio Lemos do Prado, vindo de São Paulo, também com muitos escravos e comitiva enorme, instalando-se na região do córrego, que mais tarde se chamou Ronda, hoje no município de Gouvelândia.  Ao recém-chegado, o tal Crisóstomo deu ordem para que se retirasse, mas o Custódio, como relata Bernardo Elis, “ficou coçando o umbigo, começou a abrir roça, botar cocho de sal para o gado, fazer rancharia. Durou pouco a faroma, até que um dia toparam com ele morto na estrada, sem que nunca ninguém soubesse quem houvera sido o matador. Ora, então quem ia matar esse paulista? Não vê que devia de ter sido suicídio!”

            Alguns anos depois, vindo de Franca, em São Paulo, apareceu na região o tenente da guarda - nacional José Vicente de Lima, que era médico. Foi aí que João Crisóstomo, ao admitir que já não estivesse mesmo com o coração muito bom, resolveu vender-lhe alguns milhares de alqueires.  Como nada de ruim dura para sempre, enquanto cuidava do coração do João, o velho Lima trouxe parentes e amigos, dando expressiva ajuda à região.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Comissários, comitivas e seus peões



O Comissário e a Comitiva



           As comitivas eram formadas por grupos de peões de boiadeiro e suas montarias, geralmente mulas ou burros, embora também fossem usados cavalos, que faziam o transporte das boiadas pelas estradas de terra, chamadas de “estradões”, de uma fazenda à outra ou da invernada para o matadouro, percorrendo grandes distâncias, durante dias a fio, que eles chamavam de “marchas”, antes do advento dos caminhões-gaiola e das estradas pavimentadas.


             Esse fenômeno sócio-econômico e cultural ocorreu na região compreendida pelo norte do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, praticamente extinguindo-se no Estado de São Paulo na década de oitenta do século vinte, valendo notar que a última boiada conduzida para abate na cidade de Barretos foi no ano de 1.986, pelo comissário Wilson Pimentel.


            Considerando a grande abrangência dessa atividade no tempo e no espaço, é importante salientar que a terminologia empregada, bem como os usos e costumes dos boiadeiros, podiam variar.


                O comissário era o dono da comitiva. O ponteiro era um peão experiente e conhecedor das estradas, que ia à frente tocando o berrante, nos momentos apropriados, para atrair, estimular a marcha ou acalmar o gado e dar sinais para os demais peões. Os rebatedores eram os peões que cercavam o gado, impedindo que se espalhassem. Os peões da culatra iam na retaguarda da boiada. Os peões da “culatra manca” ficavam para trás tocando os bois que tinham problemas para acompanhar a marcha da boiada, por cansaço, ferimento ou doença. O cozinheiro saía mais cedo que os demais integrantes da comitiva, conduzindo os burros cargueiros com suas bruacas, nas quais levava os mantimentos e tralhas de cozinha, até encontrar um rio em cuja margem pudesse preparar a refeição, ou seja, “queimar o alho”. Conforme destacado acima, a terminologia podia variar de região para região.


             A comida era constituída, basicamente, de arroz de carreteiro, feijão gordo, paçoca de carne feita no pilão, e carne assada no “folhão” (chapa), podendo variar, conforme as circunstâncias, de região para região ou de comitiva para comitiva, de modo que não havia um cardápio único para todas.


            O berrante é uma buzina feita de chifres de boi unidos entre si por anéis de couro, metal ou chifre mesmo, e era usado pelos ponteiros para atrair, estimular ou acalmar o gado e dar sinais aos demais peões da comitiva. Ele emite sons, que podem ser graves ou agudos, dependendo do toque, a partir das vibrações do ar feitas pelos lábios do berranteiro em contato com o bocal mais estreito do instrumento. Esse bocal varia de acordo com a forma dos lábios, podendo ser mais raso ou mais fundo.


            São vários os tipos de toque do berrante, que se diferenciam de acordo com a situação. No concurso de berrante realizado no setor da “Queima do Alho” da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, são exigidos dos concorrentes os seguintes toques: 1º – saída ou solta: toque sereno destinado a despertar a boiada pela manhã; 2º – estradão: toque que reanima a boiada na estrada, é repicado, semelhante ao som do soldado marchando; 3º – rebatedouro: toque de aviso de perigo, semelhante ao toque de clarim; 4º – queima do alho: aviso de que o almoço está pronto; 5º – floreio: toque livre, podendo ser uma música.


         O peão de boiadeiro, integrando a sua comitiva, percorria léguas e mais léguas pelo sertão, durante dias e até meses, tangendo o gado no lombo de mulas, vivendo toda a sorte de aventuras no estradão, ora enfrentando situações de perigo, como quando a boiada estourava ou tinha que cruzar um rio caudaloso, ora vivendo romances com as mocinhas nas vilas por onde passava, ora se divertindo com os companheiros à noite nos pontos de pouso, onde tocavam viola e dançavam o catira.


        O peão de boiadeiro por onde passava despertava a paixão das moças, a admiração dos jovens que queriam tornar-se um deles e o respeito dos demais homens, tal como os cavaleiros andantes da Idade Média. Garbosos em seus trajes típicos, com chapéu de aba larga, lenço no pescoço, guaiaca, bombachas, botas de cano alto e chilenas tinindo a cada passo. Suas mulas eram arreadas com esmero, a tralha cheia de argolas de metal reluzente (alpaca). Na garupa, além da capa “Ideal” no porta-capa de vaqueta, cheio de franjas e “margaridas”, pendia da anca direita o “cipó” (laço) de couro de veado mateiro.


         Pena que o progresso tenha decretado o fim do chamado “transporte elegante das boiadas”, restando dos peões de boiadeiro apenas as lembranças e as saudades...

          Não é à toa que as mais belas modas de viola, legítimas manifestações do rico universo cultural do homem do campo, que nos fazem chorar de emoção, têm como tema a vida do peão de boiadeiro. Disso são exemplos as modas: “Boi Soberano”, “Ponteiro de Boiada”, “O Menino da Porteira”, “Boi Fumaça”, “Os Três Boiadeiros”, “A Volta do Boiadeiro”, “Saudosa Vida de Peão”, “Berrante de Ouro”, “Mágoa de Boiadeiro”, “Velho Peão”, “Travessia do Araguaia”, “Boiadeiro Errante”, além de outras tantas que nem daria para enumerar neste espaço exígüo.


            O maior movimento das comitivas passou a ser em direção à cidade paulista de Barretos, a partir do ano de 1.913, quando se instalou ali o primeiro frigorífico do Brasil. A Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos foi criada no ano de 1.956, inspirada nas comitivas e na figura do peão de boiadeiro.



  Adaptação do texto de Aguinaldo José de Góes