João
Crisóstomo – pioneiro e primeiro valentão de Quirinópolis
O primeiro
morador da região de Quirinópolis foi João Crisóstomo de Oliveira
Castro, que veio de Ouro Preto, Província de Minas Gerais, em 1832,
trazendo consigo parte da família, comitiva e escravaria. Ocupou uma
vasta área de terras para a criação de gado, naquela desabitada
parte do território do Sudoeste Goiano. Conforme relata o escritor
Bernardo Elis, no comentário cultural intitulado “Agora Aparece um
Machão”, publicado em seu livro “Goiás Em Sol Maior”, o
tal João Crisóstomo saltou o rio Paranaíba, próximo ao local onde
hoje está Itumbiara e “se adentrou no mais afastado do
sertão, no meio da mataria virgem, que ele era homem de gostar de
gritar e não escutar ninguém por perto para responder,” alcançando
a região do ribeirão Fortaleza, nas imediações do seu afluente, o
córrego Água Limpa, como hoje é conhecido.
O padre
Antonio Dias veio em seguida para rezar e abençoar o lugar, mas teve
que se retirar rápido, porque também de reza e de padre, naqueles
tempos, o desbravador não gostava.
Passados alguns
anos, chegou Custódio Lemos do Prado, vindo de São Paulo, também
com muitos escravos e comitiva enorme, instalando-se na região do
córrego, que mais tarde se chamou Ronda, hoje no município de
Gouvelândia. Ao recém-chegado, o tal Crisóstomo deu ordem
para que se retirasse, mas o Custódio, como relata Bernardo Elis,
“ficou coçando o umbigo, começou a abrir roça, botar cocho de
sal para o gado, fazer rancharia. Durou pouco a faroma, até que um
dia toparam com ele morto na estrada, sem que nunca ninguém soubesse
quem houvera sido o matador. Ora, então quem ia matar esse paulista?
Não vê que devia de ter sido suicídio!”
Alguns anos
depois, vindo de Franca, em São Paulo, apareceu na região o tenente
da guarda - nacional José Vicente de Lima, que era médico. Foi aí
que João Crisóstomo, ao admitir que já não estivesse mesmo com o
coração muito bom, resolveu vender-lhe alguns milhares de
alqueires. Como nada de ruim dura para sempre, enquanto cuidava
do coração do João, o velho Lima trouxe parentes e amigos, dando
expressiva ajuda à região.
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