quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Saudando a nova EMATER

Saudando à nova Emater
Nenhuma instituição contribui tanto para a modernização da agropecuária goiana, como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Goiás – Emater-Go, sucedânea da Associação de Crédito e Assistência Rural – Acar-Go, de mesma filosofia. Foi graças a elas, que se tornou possível o rápido incremento da produção e da produtividade rurais do estado, objetivo coroado, pelo trabalho social desenvolvido em paralelo, que priorizava a família dos agricultores, através da disseminação de técnicas de economia doméstica, saúde, saneamento, alimentação e outros conhecimentos.
Em 1975, a Acar passou por uma remodelação estrutural, para se adequar à condição de uma moderna empresa pública. Surgiu a Emater, mas a filosofia de trabalho foi preservada.
Para privilegiar atividades produtivas de acumulação de capital, o sistema de extensão brasileiro, a partir da década de 60, passou a utilizar-se do crédito orientado, através de Programas Especiais, com foco nos produtos e nas atividades e não a propriedade, como um todo, que era característica do crédito supervisionado.
É preciso destacar o trabalho das parceiras Embrapa e Emgopa, que produziram o conhecimento, através das pesquisas, afraaos recordes de produç.r seomento estaldete parlam,ewntaras ATER. e reecursosmnto cientque resultou na conquista dos Cerrados, para o processo produtivo. Deu-se neste período a produção de cultivares e de tecnologias que promoveram o aumento da produtividade da agricultura e da pecuária goiana. A viabilização do plantio de soja no cerrado foi o melhor exemplo desta parceria. Neste período começa a fase do produtivismo, com enfoque no aumento da produção e da produtividade, baseado na modernização tecnológica e em modelo empresarial.
A Emater esteve no centro de todo o processo de expansão da agropecuária goiana, dando sustentação às suas demandas. Todavia, ficou pequena diante da expressividade dos resultados de seu próprio trabalho. Era tanto sucesso, que agricultura goiana parecia emancipada, auto-suficiente e nada podia deter o seu crescimento. Goiás tornou-se o coração do agro negócio brasileiro. Daí, a origem do desprezo das autoridades governamentais, culminando com o fechamento da Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária - Emgopa, em seguida, da própria Emater-Go.
Foi uma sucessão de graves erros administrativos e uma terrível injustiça com uma empresa, que possuía recursos humanos extraordinários e realizou grandes investimentos, com muito idealismo e extrema dedicação de seus colaboradores.
Hoje, a extensão rural vive um momento de reconstrução. Graças ao governador Alcides Rodrigues e ao seu secretário Leonardo Veloso, interpretando o sentimento dos goianos e sintonizados com um a nova realidade existente, recriam a Emater-Go. O Plano de Safra 2009/2010, lançado recentemente, pelo governo federal, destina 15 bilhões de reais para agricultura familiar. Uma das novidades anunciadas pelo presidente é a Lei Geral de Ater, isto é, de assistência técnica e de extensão rural, para a agricultura familiar, que diminui a burocracia no repasse de recursos e torna o serviço de extensão rural menos dependente do governo estadual. É preciso ressaltar neste contexto a força que emprestam a Frente Parlamentar em Defesa da Extensão, movimento criado em 2007, no Congresso Nacional, que congrega mais de uma centena de parlamentares, as organizações dos agricultores, como são os casos da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura, Movimento dos Pequenos Agricultores e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar, que são grandes parceiros, para a construção de um novo modelo de Extensão Rural no país.
Hoje, cerca de 80% do orçamento das entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural é bancado pelos Estados. O governo federal entra com 10%. A expectativa é que este repasse 30%, pelo menos. A criação da Secretaria Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural é outra reivindicação, para consolidar a Extensão Rural.
A reativação da Emater significa que o conhecimento gerado pela pesquisa vai chegar de forma mais rápida, beneficiando especialmente a agricultura familiar, segmento de grande importância social. Espera-se que a união dos esforços dos governos federal, estadual e municipal resulte em extensão rural forte, participativa e modernizada, utilizando-se dos benefícios do sistema de tecnologia da informação, com escritórios que disponham de boa infra-estrutura física, logística e de internet.
Investindo mais em extensão rural e na agricultura familiar, os governos investirão menos em contratação de policiais, em construção de presídios e cadeias, porque as pessoas continuarão no campo e com qualidade de vida. À medida que o campo, além de produzir matéria prima, possa agregar valor à produção, como na construção de uma fábrica de processar derivados de frutas, estará gerando emprego, renda e poderá contar com os serviços de saúde, lazer e educação. Boa parte do grande fluxo migratório, responsável pelas mazelas sociais que acontecem nas pequenas, grandes e médias cidades, poderá será contido.
Os primeiros passos para este novo momento estão acontecendo. A extensão rural volta a ser inserida no debate nacional, como instituição capaz de viabilizar a façanha de alavancar especialmente a agricultura familiar e de se transformar numa imprescindível prestadora de serviço social ao campo.
Ângelo Rosa Ribeiro é ex-deputado, ex-secretário estadual de Agricultura e ex-secretário estadual de Planejamento.

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