O carro de bois foi essencial para o desenvolvimento do Sudoeste Goiano.
Com ele era possível transportar diversas cargas: madeiras, telhas, tijolos, produtos agrícolas, diversas mercadorias e até pessoas como a própria família dos agricultores.
O primeiro veículo de rodas a adentrar-se aos sertões goianos foi um carro de bois, em 1824, vindo de Minas Gerais.
Com utilização destes veículos ou com o uso exclusivo de juntas de bois era possível realizar diversas serviços, inclusive obras públicas, como pontes, aterros, edificações de prédios, consertos de estradas e outros serviços.
Embora fossem lentos, capazes de percorrer apenas três a quatro léguas por dia, a dois quilômetros por hora, era comum, na virada do século passado, observar filas destes, pelas principais estradas carreiras. Podia-se ouvir, a quilômetros, o som característico do movimentar de seus eixos, como se entoassem tristes canções.
Os referidos carros iam e vinham a percorrer longos caminhos para levar o que se produzia na região para trocar por mercadorias em entrepostos, como Uberabinha, hoje Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Assim, este veículo possibilitou o intercâmbio comercial tão necessário para a sobrevivência das famílias dos pioneiros e o desenvolvimento regional. Foi desta forma que muitas famílias vieram de longínquas cidades para o Sudoeste Goiano.
O uso do carro de bois como meio de transporte de cargas praticamente desapareceu, mas a tradição se mantém.
Muitos fazendeiros guardam seus exemplares como lembranças de um tempo que já passou. Em Trindade (GO), uma romaria é feita desses veículos que se deslocam em caravanas de municípios vizinhos para a Festa do Divino Pai Eterno.
Não existem mais na região os mestres da fabricação do carro. Contudo, espera-se que em alguma tese de pesquisa seja resgatado todo o processo de sua construção, que inclui a escolha das madeiras, a melhor época para a derrubada, os trabalhos de serraria, a arte de esculpir cada peça, o forjamento das ferragens e os detalhes do ajuste da afinação, da qual resulta um cantar próprio, inconfundível, que permitia, à léguas, a identificação de cada carro.
O que ninguém pode esquecer é que sem o boi carreiro não se movia o carro, nem se fazia o desenvolvimento.
Hoje, edificam-se construções para proteger um exemplar de carro de bois, mas quase não se vê a estátua de um boi carreiro.
É preciso se fazer justiça à aquele que, de fato, puxou o carro para desenvolver o país.
Por Ângelo Rosa Ribeiro, quirinopolino, ex-deputado estadual e amante das tradiõoes goianas..
Nenhum comentário:
Postar um comentário