João Gonzaga Jaime era um quirinopolino de sobrenome famoso, pois descendia do major da Guarda Nacional, Frederico Gonzaga Jaime,
duas vezes intendente de Rio Verde e duas vezes deputado estadual, nascido em Pirenópolis
- GO, em 1873, e falecido em Rio Verde, em 1935.
Frederico era neto do padre Luís Gonzaga de Camargo
Fleuri, que presidiu a Província de Goiás na quarta década do século XIX. Esse
padre é um dos grandes vultos da história goiana. Seu filho João Gonzaga Jayme de Sá era pai do coronel Frederico e avô de Janjão.
Com fama de conquistador de mulheres, o coronel Frederico deixou larga descendência oriunda do seu matrimônio com dona Muzarta e de sua relação com outras parceiras.
Com fama de conquistador de mulheres, o coronel Frederico deixou larga descendência oriunda do seu matrimônio com dona Muzarta e de sua relação com outras parceiras.
João Gonzaga Jaime - Janjão originou-se do relacionamento do coronel Frederico com "Sinhá"
Dias Ferreira, filha de Antonio Dias Ferreira e Dermina Gonçalves Rodrigues, irmã
dos conhecidos Major Dias e Major Dermina, homens com fama de valentes e moradores
da Capelinha, povoado da jurisdição de Rio Verde, onde o coronel Frederico era intendente e homem da estrita confiança
de Antonio Ramos Caiado, o Totó Caiado, governador da província de Goiás.
João Gonzaga Jaime, Janjão,
era casado com Isolina Pereira Jaime, a "Dona Crioula". Tiveram os filhos João Alberto
Gonzaga Jaime e Ruth Clair Gonzaga Jaime, esta educadora, servidora da
Secretaria de Planejamento de Goiás, SEPLAN, que se casou com o bancário
Shigueo Kumagai. Em relações extra-conjugais, conforme se noticiava na cidade, Janjão, tal como seu pai, tivera outros filhos.
Empreendedor, Janjão
era proprietário rural e dono de um movimentado posto de combustíveis denominado Posto Bagdad e do Hotel Progressista, um
dos mais antigos do gênero em Quirinópolis, ambos situados na esquina da Rua Herculano
Costa com a Avenida Brasil.
Na política era um emérito articulador, condição que herdara de sua família, os Gonzaga Jaime, de tanta tradição em Goiás. Graças ao seu trabalho a União Democrática Nacional, UDN, alcançava a condição de lançar um candidato a prefeito em Quirinópolis, para enfrentar o forte e tradicional Partido Social Democrático, PSD, chefiado pelo não menos poderoso Coronel Jacinto Honório.
Na época, José Ludovico de Almeida governava Goiás, o que de certo modo facilitava o trabalho da oposição local, condição em que se deu bem o Janjão, que cresceu politicamente.
Para evitar
uma derrota pela óbvia união das candidaturas do presidente da Câmara João
Batista da Rocha, que era do Partido Trabalhista Brasileiro, PTB, e de João
Gonzaga Jaime, Janjão, UDN, o prefeito Hélio Campos Leão, PSD, afastou-se do
cargo, alegando motivos de saúde. Desta forma, promoveu a ascensão do
presidente da Câmara à condição de prefeito, que assim se tornou inelegível e
articulou com o coronel Jacinto a candidatura de seu sobrinho Joaquim Quirino, para enfrentar Janjão. O candidato da situação se elegeu em 03/10/54. Todavia, Janjão que perdera a eleição não perdeu sua
influência como líder da oposição.
Em 1963, Janjão coordenava a campanha de Otávio Lage, UDN, ao governo do Estado,
Em 1965, Janjão apoiou seu cunhado Raul Pereira Ramos, UDN, na disputa pela prefeitura contra Hélio Leão, candidato pela terceira vez ao cargo, tendo sido por este derrotado. Em 1969, Janjão apoiou para prefeito Humberto Xavier, da Aliança Renovadora Nacional, ARENA, um partido sucedâneo da UDN.
Janjão era intransigente opositor ao domínio das
famílias Quirino e Jacinto, que mandaram na política local por quase 50 anos. Fortaleceu-se após o Golpe Militar de 64, quando foi um dos artífices da virada política protagonizada por Humberto Xavier e seu vice Dalvo
Antônio Carvalho Gouveia, eleitos em 30/11/69.
João Alberto – panfletagem fatal
João
Alberto Gonzaga Jaime era um jovem destemido, de muita influência sobre juventude
quirinopolina e admirado pela sua coragem. Amava a vida e a curtia do modo intenso, emocionante e perigoso. Apaixonado por automóveis, João Alberto sempre
desfilava com um Simca Chambord novo, o carro mais charmoso que se podia ver pelas
ruas da cidade naquele tempo. Gente de
sua época é testemunha dos incontáveis cavalos de paus, rabos de arraias e
coisas do gênero que era por ele protagonizado para delírio de centenas de jovens espectadores, que esperavam para vê-lo em ação em uma larga esquina de terra batida ou
encascalhada da cidade.
Em 1963, na campanha eleitoral para governador, João Alberto voluntariamente se ofereceu para um arriscada missão - espalhar panfletos de propaganda eleitoral em um avião monomotor. O avião caiu sobre uma edificação no centro da cidade e ele morreu. Mas, enquanto viveu o fez de forma intensa, perigosa, e realizando o que ele e seu pai certamente mais gostavam de fazer: animar a campanha política, apostar tudo em seus candidatos, buscar a vitória contra seus adversários, mesmo que para isso fosse preciso adentrar avião com portas abertas para uma panfletagem espetacular.
Vista do Hotel Progressista (superior) e do Posto Bagdad
Foto: Em 1965, na publicação "O Anhanguera" o anúncio dizia: "Para os que gostam de conforto - Hotel Progressista, em frente ao Posto Bagdad, na Rua Rio Verde, em Quirinópolis."
Hoje o endereço é Rua Herculano Costa, esquina com Avenida Brasil. Na foto do hotel, vê-se as bombas de combustíveis do citado posto.
Em 1963, na campanha eleitoral para governador, João Alberto voluntariamente se ofereceu para um arriscada missão - espalhar panfletos de propaganda eleitoral em um avião monomotor. O avião caiu sobre uma edificação no centro da cidade e ele morreu. Mas, enquanto viveu o fez de forma intensa, perigosa, e realizando o que ele e seu pai certamente mais gostavam de fazer: animar a campanha política, apostar tudo em seus candidatos, buscar a vitória contra seus adversários, mesmo que para isso fosse preciso adentrar avião com portas abertas para uma panfletagem espetacular.
Vista do Hotel Progressista (superior) e do Posto Bagdad
Hoje o endereço é Rua Herculano Costa, esquina com Avenida Brasil. Na foto do hotel, vê-se as bombas de combustíveis do citado posto.
Por Ângelo Rosa Ribeiro, natural de Quirinópolis-GO, foi professor da EV-UFG, deputado estadual por 2 mandatos, secretário estadual de agricultura por 2 vezes, secretário estadual de planejamento, diretor de credito agroindustrial do BEG, presidente do PMDB de Quirinópolis, presidente do PSDB de Quirinópolis por 2 mandatos, superintendente da SEMARH-GO, chefe de gabinete da PGE-GO, hoje produtor rural residente em Quirinópolis-GO.
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ResponderExcluirMatéria incrível, só assim pude conhecer a história deste homem. Incrível como a trajetória de vida dele se parece com a trajetória dá vida dá minha mãe uma das filhas que ele teve fora do casamento. Só lamento não ter visto uma foto dele. Gostaria de compara-lo com meu irmão pois todos dizem que são muito parecidos.
ResponderExcluirEsse post vai ajudar na árvore genealógica de Vicente Pereira Ramos, parabéns pela iniciativa.
ResponderExcluirEstou interessado na árvore genealógica de Vicente Pereira Ramos. Você poderia me auxiliar?
ExcluirSou neto do Hilton dias Ferreira (nego major) filho do major dias primo do janjao.
ResponderExcluirMeu vó sempre me contou essas histórias! Muito bom ler com essas riquezas de detalhes!