terça-feira, 9 de novembro de 2021

José Quirino da Silveira - um homem que deu muita força a Quirinópolis

 


José Quirino ao lado de sua filha Norma  (2018)

        Será sempre oportuno citar José Quirino Cardoso, que foi pioneiro e um grande  benfeitor de Quirinópolis, cidade que se desenvolveu  em boa parte graças a sua dedicação.  Com sua  morte, em 1919, sua filha Laura Quirino de Andrade volta para Passos-MG, terra de origem da família, de onde retorna casada com Aristides Silveira da Cunha, trazendo em sua companhia o filho José Quirino dayyy Silveira, com 3 anos.

   José Quirino da Silveira teve a sua⁹ infância e juventude na região conhecida como Fortaleza, onde tornou-se conhecido pela sua humildade e pela dedicação ao trabalho em busca da prosperidade. Ali, encontrou  a jovem Irene Guimarães - a Santinha - com quem se casou para juntos dar continuidade à sua luta e buscar seus objetivos comuns.

Apesar dos sobrenomes do casal - "Quirino" e "Guimarães"- os seus filhos não foram criados na riqueza.  José Quirino da Silveira e Dona Santinha construíram, ao longo dos anos, com o apoio dos filhos, um patrimônio material respeitável e expressivo. Ao mesmo tempo nunca deixaram de lado a prática do servir a todos que os procuravam na necessidade, que é um patrimônio considerado muito mais expressivo e significativo. Quantas pessoas os procuraram e quantas ajudas foram dadas no anonimato, tal como gostavam o seu Zé Quirino e Dona Santinha? Como se sabe, não foram poucas.
    Por outro lado, como cidadão, o senhor José Quirino reconhecia a importância da política e ajudava os políticos, geralmente de todos os partidos. Tinha seu lado, mas não era propriamente um militante partidário apaixonado ou radical Em 1995, o ex-deputado Ângelo Rosa Ribeiro, ao se elegeu para a presidência do PMDB de Quirinópolis, convidou-o para ser presidente de honra do diretório recém eleito, cargo que aceitou e que ocupava desde aquela ocasião.

     José Quirino sempre foi parceiro das entidades representativas da municipalidade, sobretudo as de cunho social ou filantrópico, a quem gostava de ajudar com discrição. Foi um dos fundadores do Sindicato Rural de Quirinópolis, da Cooperativa Agrovale, da extinta Cetersugo e a todas ajudou como parceiro, emprestando prestigio, experiência, credibilidade e solidariedade.

José Quirino da Silveira faleceu em 2020, vítima de uma parada cardíaca. Despediu-se de todos nós um homem de muito valor, justo e do bem. Mas, ficou a sua história, o seu exemplo de vida, de quem alcançou sua realização, a partir do quase nada, enfrentando desde menino a dureza do trabalho rural, no uso cotidiano dos braços, seja na enxada, na foice e no cabo machado. A imagem desta ferramenta, por sinal, foi escolhida para simbolizar sua luta pesada, mas enfrentada de forma incansável, em troca do conforto para família e para quem dele necessitasse, como fizera em toda sua vida.

A história de José Quirino da Silveira e Dona Santinha, de fato, é inspiradora. Deve ser aproveitada por todos aqueles que sonham em vencer na vida, coisa que com base no exemplo deles é plenamente possível - com muito trabalho, dedicação e honestidade.

    A seguir, um trecho de autoria de sua filha Norma Quirino, que muito nos honra, corrobora e dá força às nossas considerações:
              
   " Vejo muitas pessoas falando de ricos e pobres..., mas no meu modo de ver, pobreza nunca foi uma condição imutável. Nasci em berço humilde, meus pais, naquela época, eram pobres, morávamos em casa de piso de terra batida, paredes de madeira e tabocas, barreadas para que o vento frio não entrasse, camas fincadas no chão, colchão de capim (Ah!... não me lembro se coçava kkk). O fogão era de lenha; roupas lavadas na bica d’água ou na água retirada da cisterna, num balde puxado por uma corda presa a uma carretilha, cujo som acaba de chegar à minha memória ...

     Alimentação - comíamos o que se retirasse da terra, industrializados eram raros na nossa casa; caixeta de bálsamo com repartição ao meio, cheia de bananada ou goiabada de cortar; a hora da merenda era esperada com ansiedade, muitos doces, nem tinha noção da palavra “ diabetes “.

    Aprendemos desde cedo o que era o trabalho, não um trabalho qualquer, trabalho de gente grande, tinha resultado! Os meninos no campeio, na guia do carro de bois ....De bois ofegantes pelo ferrão do carreiro, quase passavam por cima da gente. Éramos pequenos, mas chegando ao paiol era hora de descarregar o milho ou abóboras diretamente na margem do rego próximo ao chiqueiro.....Mercadoria na porta do paiol, trabalho concluído? Não, “restoiar “ o milho e colocar para dentro do paiol.

    Assim eram nossos dias, cheios das mais diversas obrigações! Éramos felizes, crescemos assim na vida! O paiol era anexo ao quarto das crianças, nem alergia tínhamos, ninguém com asma etc... Vestíamos roupas quase sempre ganhadas, o que nos deixava imensamente felizes. Muitas vezes, ao recebermos visitas a correria era grande para trocar a vestimenta remendada.

    Tivemos lições diárias de economia e humildade, isso nos fez ser o que somos, e serve de referência para nossos filhos.... Não foram poucas as ocasiões que nos sentíamos humilhados, tínhamos noção das coisa, comparávamos, mas este sentimento só serviu para nos impulsionar a querer melhorar de vida e lutar .... Trabalho, economia, humildade, perseverança, fé e bons conselhos nunca faltaram na casa dos nossos pais José Quirino e dona Santinha".

    Por Ângelo Rosa Ribeiro, natural de Quirinópolis-GO, foi professor da EV-UFG, deputado estadual por 2 mandatos, secretário estadual de agricultura por 2 vezes, secretário estadual de planejamento, diretor de credito agroindustrial do BEG, presidente do PMDB de Quirinópolis, presidente do PSDB de Quirinópolis por 2 mandatos, superintendente da SEMARH-GO, chefe de gabinete da PGE-GO, hoje  produtor rural residente  em Quirinópolis-GO.




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