Há alguma coisa estranha, acontecendo com o Grupo São Martinho, que atinge a Usina Boa Vista e os produtores de cana de Quirinópolis.
Em seus balanços periódicos e anuais o Grupo SM vem apresentando altas somas de lucro líquido, mas realiza decréscimos consideráveis nos pagamentos realizados aos fornecedores de matéria prima na Usina Boa Vista, de Quirinópolis.
Na comparação com os preços pagos no ano atual, houve uma defasagem em torno de 30% do valor por alqueire recebido na safra anterior. Isso pode ser comprovado na comparação com os concorrentes locais e regionais e logo terá significativos reflexos socioeconômicos sobre toda a região. São aproximadamente R$ 90 milhões de reais que deixam de circular em Quirinópolis.
A situação aludida, de prejuizos aos produtores, nao foi devidamente discutida com os mesmos, ou seja, foi imposta, sem maiores discussões, o que compromete a credibilidade do grupo empresarial.
A questão gera uma quebra de confiança juntos aos produtores, que tinham com a empresa uma relação amistosa, agora ferida pelo inesperado comportamento.
Não nos parece ética e responsável esta guinada egoista do Gupo São Martinho, que a um olhar umbilical, ignora os incentivos fiscais recebidos do Estado, fortalecendo os argumentos dos que defendem reavaliação governamental destes incentivos. Aliás, não faltam motivos para pedidos de CPI(S) sobre os mais diversos assuntos.
Frusta a todos a atitude de, ao primeiro sinal de dificuldades, o grupo jogar para as costa dos produtores da região, as consequências de seu planejanento estratégico e da sua gestão empresarial, no mínimo, questionáveis.
Ademais, entregue a matéria prima, a cana, não cabe ao produtor, mas sim a usina, a decisão de produzir etanol, açúcar ou outros subprodutos para a formação de um mix mais competitivo no mercado.
Espera-se que os fatos sejam repensados, novos critérios adotados e que à luz da justiça sejam reparados os prejuizos impostos aos produtores, restaurando a imagem do poderoso Grupo São Martinho, que não merece ser arranhada pela decisão equivocada prevalente.
Por Ângelo Rosa Ribeiro, quirinopolino, arrendatário,
pequeno produtor de cana e ex-secretário
de agricultura de Goiás.
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