terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Origem e feitos do pioneiro Chico Rosa, 1863

Casa construída por Chico Rosa, em 1890

A vinda e as realizações do pioneiro Chico Rosa

            Francisco Rosa de Morais – Chico Rosa  era filho do português Manoel Antônio Rosa e de Maria Rosa. Vivia com sua família na região de Araxá, província de Minas Gerais. De lá saiu, em 1870, com idade de 17 anos, acompanhado de seus irmãos mais velhos Porfírio Rosa de Morais e Maria Rosa de Morais. Depois de percorreram grandes distâncias, no Triângulo Mineiro, atravessaram os rios Paranaíba, Meia Ponte e dos Bois, de onde avançaram, por uma vasta região desabitada, de terras planas e de matas muito fechadas, entre os córregos do Lajeado e Fundo,  até alcançar as abas do grande Morro do Paredão.

            Estrategicamente os irmãos Rosa se distribuíram naquela amplidão. O jovem Francisco e sua irmã Maria se apossaram das terras situadas ao longo do córrego Grande, desde sua cabeceira, incluindo o altiplano do citado morro, até a confluência, no rio dos Bois. Maria Rosa permaneceu com o irmão, até se casar com Joaquim Pedro Martins e transferir-se para terras às margens do rio dos Bois, entre as barras dos córregos Bonito e Lajeado. Porfírio Rosa de Morais estabeleceu-se no além paredão, nas imediações do rio São Francisco, em sua margem direita. João Antônio Barbosa, o último a chegar, tomou posse da região entre os córregos da Pindaíba e do Lajeado. 

               O jovem Chico Rosa era descendente de portugueses, tinha pele muito branca, olhos azuis e cabelos crespos. Alguns anos após sua chegada, encontrou-se com Aninha, uma jovem de pele escura e cabelos encaracolados, filha de Brígida, uma ex-escrava que habitava um espaço encravado no lado norte do morro do Paredão.  Chico e Ana, a quem denominou Ana Jesus de Morais, uniram-se conjugalmente  e viveram juntos em uma morada que construíram  às margens do Córrego Grande, onde tiveram os filhos Joaquim, Maria Antônio, José (Zequinha), Galdino, Benedito, Jovino (Paulista), Geracina, Josino, Geraldo e Josina, todos de sobrenome Rosa de Morais. Como tiveram vários filhos, deles descendem uma enorme prole que se espalhou por todo o município e regiões vizinhas. 
               
O irmão Barbosa

              Alguns anos após a chegada dos primeiros irmãos,  veio para a região o jovem Antônio Barbosa, que apesar do sobrenome distinto, tinha grande semelhança física e muita afinidade com os demais. Logo se juntou aos primeiros e sem hostilidade compartilhou as terras dominadas pelos mais velhos.  Parecia haver  entre eles algum segredo, que nunca revelaram.  Todavia, como apontam as evidências, deveriam ser mesmo irmãos. Tal como o provável avô comum, Manoel Antônio, todos os seus filhos tiveram o sobrenome Antônio, como João Antônio, Pedro Antônio e outros. Uma filha do pioneiro Chico se chamava Maria Antônio, o que reforça a tese da irmandade. Outro fato que indica ligação familiar era o comportamento mantido pelo grupo, típico de irmãos, sempre próximos e compartilhando seus problemas. Em determinada ocasião, tendo de permanecer ausente dos familiares por um longo período, Chico Rosa repassou a Antônio Barbosa, que o assessorava em seus negócios, uma significativa importância em dinheiro e pediu que ajudasse Josina, sua filha mais nova, em caso de necessidade. Antônio Barbosa esteve sempre por perto dela, como seu conselheiro e protetor. Já velho e doente, sem que alguém soubesse do fato, procurou-a e lhe repassou o dinheiro.


Benfeitorias, comunicação, transportes

              O pioneiro e sua família construíram às margens do Córrego Grande  importantes benfeitorias. A velha sede, construída por volta de 1890, tem  piso, janelas, ripas, caibros em bálsamo e peroba rosa. Ao redor da mesma há certidões de um engenho para a produção de rapadura e uma pipa para o fabrico de telhas. Resistem ao tempo os velhos currais, o galpão bezerreiro, o rego d´água, a casa do monjolo, onde havia uma fábrica de farinha, que dispunha de uma prensa para secagem de massa de mandioca ralada e um ralo movido a água corrente. Entre ruínas, podem ser vistas o moinho, com suas grandes pedras trituradoras de grãos. Hoje, apesar do tempo decorrido e da falta de direcionamento para sua preservação, a casa encontra-se bem conservada, como uma relíquia da construção rural da época e verdadeiro patrimônio histórico, que deveria ser tombada, para que o poder público ajudasse o seu proprietário a conservá-la adequadamente para as futuras gerações. 

              Por razões não bem conhecidas, segundo informações de antigos moradores ligadas à defesa das terras conquistadas, o pioneiro foi preso e condenado pela justiça, quando se afastou de sua família, para cumprir uma pena de 12 anos na cidade de Goiás, a capital da província. Nesta época teve grande importância para os filhos do pioneiro a presença do Antônio Barbosa, a quem, antes de ser preso,  solicitou ajuda no acompanhamento de seus filhos. Quando voltou os encontrou adultos e de posse de suas terras. Muito doente veio a falecer pouco tempo depois, em 1918, aos 65 anos de idade.

             Com a morte do pioneiro, em 1918,  alguns de seus filhos aproximaram da sede, ao lado da mãe, promovendo melhorias. Na sede residiram o casal de pioneiros e seus filhos. Nela permaneceu a filha Josina e sua família, que foi sucedida pelo neto Cristiano Rosa Ribeiro e família. Hoje, ali reside o bisneto Alaor Martins Ribeiro e sua família.


               A fazenda construída por Chico Rosa e  seus filhos tinha grande importância na região, o que se comprova pela trajetória das estradas antigas, ao convergirem de vários pontos onde os filhos construíram suas residências para o local da sede da antiga, onde viveu o velho pioneiro. Devido as benfeitorias nela existentes, a fazenda  era uma espécie de central de produção de gêneros alimentícios que por longos anos servia a família espalhada pela região. 

 

                Ao que tudo indica, a família Rosa de Morais foi a primeira a chegar nas Sete Lagoas. Mas,  na contemporaneidade, dividiu espaços com a família Martins, com quem tinha grande interação. Seus descendentes conviveram com as famílias Barbosa, Andrade, Mesquita, Clara, Corrêa, Campos, Dias, Ferreira, Lima, Venâncio, Rodrigues, Goulart, Pereira, Couto, Gonçalves, Lemes do Prado, Ribeiro e outras que foram as formadoras da população das Sete Lagoas.

Um comentário:

  1. Ângelo? Não entendi porque vois me çê citou ano 1863 no título e depois disse que Francisco Rosa de Moraes com 17 anos saiu de Araxà-MG em 1870 e fez posse na regiâo.Por quê citou 1863? Volmei Clara Martins.

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