A Eleição
do FAZ DE CONTA
O Art. 41 da Lei Eleitoral diz que é vedado ao candidato doar, oferecer,
prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou
vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, sob
pena de multa, cassação do registro ou do diploma, se eleito.
O texto legal não deixa dúvida, mas na prática entram em cena ingredientes
sociais, culturais e eleitoreiros, como no diálogo:
- Você viu alguém doando,
oferecendo, prometendo, ou entregando alguma coisa nesta campanha ao eleitor?
- Foi o que eu mais vi...,
mas não sei se em troca do voto.
- Então, foi em troca do quê? Faça-me o favor!
A lei por um lado mostra a sua face de rigidez, ao proibir qualquer
doação, inclusive brindes, como bonés, chaveiros, etc. Por outro, permite
reeleição de prefeitos, no exercício de seus mandatos, autorizados a executar
orçamentos milionários, onde tudo é permitido.
- Os candidatos “chapas brancas”
compraram muitos votos por aí?
- Compraram sim, senhor! E meu candidato levou tinta.
- Mas, você protestou, mostrou as
provas para a justiça?
- Pois é..., não teve jeito: a autoridade disse que a eleição foi muito limpa!
A lei eleitoral tem sido a lei do faz de conta. O eleitor faz de conta
que não sabe e facilita. O candidato faz de conta que não se lembra e abusa. Ou
vice-versa, porque a ordem dos fatores não altera a lambança. A justiça
eleitoral faz concessões, conciliações e fecha os olhos, torcendo por um final
feliz.
- Você viu o “Caixa Dois”
por aí?
- Não vi, só ouvi você falar.
- Descasque este abacaxi!
Não é
hora de apurar?
Em campanha eleitoral de outrora, também considerada limpa, certos
candidatos prometeram livrar a população de taxas e taxas. Tudo impossível de
se conceder. Ao compromisso deram ampla
publicidade. Receberam a contrapartida em votos, mas a dívida não foi paga e,
até hoje, ninguém responsabilizado.
Basta. É preciso avançar!
Ontem foi a vez do
estelionato.
Hoje, o faz de conta, a
compra de votos.
Amanhã, qual será o prato?
Enquanto os espertos não cumprem a lei,
viva a ética, a justiça eleitoral e a cidadania nesta Pátria Amada!
Ângelo Rosa foi
professor da EV-UFG e é o atual presidente do PSDB de Quirinópolis.
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