sexta-feira, 17 de junho de 2016

Santa delação premiada

O Brasil nunca será o mesmo depois da instituição da delação premiada, da interceptação telefônica autorizada pela justiça e da ação desta juventude idealista - vide Moro,  que toma conta dos tribunais, do ministério público e da polícia federal. Agora, sim, a corrupção perderá força. Porque, senão,  o povo vai para as ruas para fazer valer a Constitução de 88.

 Ah! Não esqueçamos que o berço e a fonte vital da corrupção  - as campanhas eleitorais, sobre grande baque por decisão do STF. Sem a dinheirama das empreiteiras, os candidatos mal intencionados ficarão desestimulados. O imoral balcão de negócios pré-eleitoral ficará à mingua. O marketing  terá menos dinheiro e será menor a enganação.

Aos quadrilheiros de plantão, aos que se enriquecem as custas de mandatos públicos em todos os escalões. Pensem. Delator é 'coisa' perigosa. Cuidado com o parceiro. Preso, por qualquer razão, ele vai abrir a boca. De fora, você perderá o sono e logo poderá também ir parar a cadeia. Está demonstrado que apareceu um problemão para os corruptos. Todavia, é uma graça para quem paga impostos - a nação agradece.

Salve, salve!



Veja o texto de  Reinaldo Azevedo, 17/06/2016, às 6:47 sobre a vitória de um delator que acaba de provocar enorme estrago no banditismo que assola o país e sobre a necessidade de ajustes nesta novidade da justiça.


Todo bandido sonha ter o destino que a Justiça e o MP deram a Machado. Ou: Quando o crime compensa

O homem vai passar três anos encerrado numa mansão, coitadinho!, com piscina e quadra poliespoertiva. É acintoso!

Ah, a doce vida de Sérgio Machado! Todo canalha sonha ser como ele quando virar gente grande e bem-sucedida. Olhem que poucas pessoas fizeram tanta lambança como ele. E, no entanto, daqui a pouco, estará por aí todo pimpão.

Segundo confessa, repassou mais de R$ 100 milhões da Transpetro em recursos ilegais. Aceitou pagar uma multa de R$ 75 milhões. Acusou pessoas de A a Z de vários partidos, voltou décadas na história para denunciar Deus e o mundo, recontou a história como quis, envolveu a própria família nas trapaças, mas, como vimos, está arrependido e quer que o Brasil seja um cabaré mais sério.

Ninguém, até agora, acusou tanto e se deu tão bem. Não vai para a cadeia. Deve ser condenado a mais de 20 anos, pena que logo será convertida em alguma outra coisa bem levinha. O máximo que vai amargar, vejam vocês, são três anos em regime domiciliar. Ficará em uma mansão em Fortaleza, com piscina e quadra poliesportiva.

A Folha informa que poderá conviver com 27 pessoas, basicamente familiares. Ah, sim: ele incluiu também um padre. Afinal, é um homem pio.

Seus três filhos, Daniel, Sérgio e Expedito, que também participaram do acordo, não arcarão com qualquer pena. Sérgio, que era o segundo homem do Credit Suisse no Brasil, teve de deixar o cargo e diz ter sido enganado por Expedito. Considerando o padrão do pai, não duvido.

Já disse que considero a delação premiada um instrumento importante, sim, no combate ao crime. Eis aí: estamos vendo o estrago que a Lava-Jato provocou no banditismo que havia tomado conta do país. Mas me pergunto se não está faltando certo disciplinamento, não é?

Olhem a enormidade de crimes que Machado admite ter cometido. E de forma reiterada. Transformou, insisto, a própria família numa organização criminosa, enganando, todo indica, até um dos filhos.

Vai devolver R$ 75 milhões, mas, como se vê, não ficará na penúria. E a pena que lhe será imposta, convenham, é ridícula.

Ah, sim, ele terá de usar tornozeleira eletrônica.

Sem dúvida, Machado tem razões para achar que a delação compensa. No seu caso, vamos ser claros, o crime também.

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