Porteira velha que resiste ao tempo, hoje abandonada e simbólica, mas ontem útil e necessária.
Por porteiras como esta passavam pessoas, carros de bois, tropas e boiadas em um tempo que não tinha pressa e caminhava devagar. Por elas se separava posses, áreas de terras por explorar e fazendas de criação de gado, ao ordenar o crescimento da produção, dos bens patrimoniais e da incipiente economia regional em meados do século passado.
Por porteiras como esta passavam pessoas, carros de bois, tropas e boiadas em um tempo que não tinha pressa e caminhava devagar. Por elas se separava posses, áreas de terras por explorar e fazendas de criação de gado, ao ordenar o crescimento da produção, dos bens patrimoniais e da incipiente economia regional em meados do século passado.
Muitas contribuíram com o folclore regional e são lembradas em vários contos. São muitas as testemunhas que garantem ter ouvido os sons do seu abrir e fechar e da sua batida característica em altas horas da noite, como se dessem passagem a viajantes que nunca eram vistos. Alguns sentiam arrepios e frio nas costas diante do medo de assombrações ao parar para abri-las. Outras foram testemunhas de encontros amorosos ou de brincadeiras de crianças e guardam todo um simbolismo que ainda serve como inspiração poética, como nas composições musicais sertanejas que falam do menino da porteira, da porteira velha abandonada e outras. Muitas delas teimam em existir como memória, certidão ou prova concreta capaz de resolver dúvidas e comprovar fatos da história e do desenvolvimento da região. Muitas conflitos surgiram do fato de se deixar uma porteira aberta.
Em um caso real registrado com a foto acima, uma porteira pioneira foi cravada na margem direita do Córrego do Mosquito, na região das Sete Lagoas, em Quirinópolis. Hoje substituída por fios da cercas de arame pela conveniência da produção de canaviais, mas que em tempos não muitos distantes estava ali, numa estrada histórica, ao servir ao tráfego de pioneiros que do Triângulo Mineiro demandavam a região, pelas três pontes no Rio dos Bois, para chegar as suas propriedades ou para ir à Capelinha. Daquele ponto no Rio dos Bois derivavam para passar por sedes de fazendas de pioneiros como José Corrêa Neves, Francisco Rosa de Morais, Teotônio Quirino da Silva, Elviro Dias Campos e Benedito Rosa de Morais. Em cada uma delas havia a presenças de muitas porteiras - de varões, de tábuas e de muitas modelos.
De uma destas porteiras surgiram dois importantes ramais: o mais antigo levava ao Paredão e ao Vau dos Cassimiras, no rio São Francisco, e daí à fazenda do coronel Jacinto Honório, de onde, após passar pelo córrego do Lajeado, chegava-se ao povoado da Capelinha. Pela referida porteira do Mosquito e por este ramal passou o primeiro automóvel que chegou a Quirinópolis, em 1927. Pelo ramal mais recente, construído no meio de mata fechada, chegava-se ao Rosulino Dias Ferreira e ao João Antônio Barbosa, pai de Denos Barbosa, onde surgiu o Povoado de Denislópolis. Dali se chegava a terras de José Salomão, onde ficava a ponte da cachoeira do Rio São Francisco, construída em 1929, para dar acesso a Quirinópolis.
Em todos as estradas da região havia a presença de inúmeras porteiras, algumas pioneiras, necessárias, que aos poucos foram substituídas dentro das exigências de um novo tempo para dar passagem a pressa do progresso. Mas, outras guardam forte simbolismo. São protegidas pelo respeito dos mais antigos e resistem ao tempo. Com certeza, cada caso é um caso, mas algumas deveriam ser preservadas e até tombadas, pelo seu significado para a história do município.
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